Em um movimento que pode surpreender alguns, mas que certamente fará muitos fãs da velha guarda respirarem aliviados, a Activision fez um anúncio significativo sobre o futuro de Call of Duty: Black Ops 7. A gigante dos games reconheceu abertamente que a franquia, em certas percepções, tem “se desviado” de sua essência. Para corrigir o curso, uma decisão drástica foi tomada: o próximo título não permitirá a transferência de personagens, armas e skins de Black Ops 6 para Black Ops 7, o popular recurso conhecido como “Carry Forward”.
O Reconhecimento de Uma “Crise de Identidade”
A Activision, em uma publicação oficial, afirmou estar ciente da “conversa” online sobre a “identidade de Call of Duty” e a sensação de alguns de que o jogo “derivou” do que o tornava único. A empresa ouviu o feedback, que descreve a experiência original de Call of Duty como “imersiva, intensa, visceral e, em muitos aspectos, aterrada”. Parece que a proliferação de skins extravagantes e a inclusão de personagens que fariam um soldado real torcer o nariz alcançaram um ponto de saturação para a base de fãs.
A mensagem é clara: “Essa resposta nos atinge em cheio, e a levamos a sério. Nós os ouvimos.”
O Fim do “Carnaval de Skins”?
A decisão de desativar o “Carry Forward” para Black Ops 7 é, sem dúvida, a manchete principal. Anteriormente, a funcionalidade permitia que o conteúdo adquirido no jogo anterior fosse transferido para o novo, uma conveniência para os jogadores e, claro, um incentivo contínuo para compras dentro do jogo. Agora, operadores, skins e armas de Black Ops 6 ficarão restritos ao seu título original (embora o conteúdo antigo continue a ser transferido para Call of Duty: Warzone, um detalhe importante).
A justificativa para essa mudança radical é um desejo de autenticidade: “Black Ops 7 precisa parecer autêntico ao Call of Duty e ao seu cenário. É por isso que o conteúdo de Operadores e Armas de Black Ops 6 não será transferido para Black Ops 7.” Parece que a visão dos desenvolvedores Treyarch e Raven para Black Ops 7 é a de um “sucessor espiritual” de Black Ops 2, um título aclamado por sua ambientação e jogabilidade mais realistas. A Activision busca, literalmente, um “reset estético”.
Nos últimos anos, a franquia Call of Duty se tornou sinônimo de cosméticos cada vez mais… digamos, criativos. De bichos-preguiça chapados a skins licenciadas de The Boys, As Tartarugas Ninja, King of the Hill e até mesmo personagens como Nicki Minaj, a loja do jogo se transformou em um verdadeiro desfile de bizarrices. Enquanto alguns jogadores abraçaram a diversão e a excentricidade, outros viram essa tendência como uma “praga” que diluía a seriedade e a imersão do universo de Call of Duty. A ironia, claro, é que esses itens provavelmente foram um tremendo sucesso de vendas.
A Sombra do Concorrente: Battlefield 6
Não é mera coincidência que este anúncio pivotal venha logo após a grande revelação de Battlefield 6. Durante seu lançamento, os desenvolvedores de Battlefield enfatizaram repetidamente que os cosméticos de seu jogo seriam “aterrados” e realistas. Um desenvolvedor da EA chegou a “cutucar” indiretamente Call of Duty, mencionando explicitamente Nicki Minaj como um exemplo do que não seria encontrado em Battlefield 6.
O diretor de design Shashank Uchil reforçou: “Tem que ser aterrado. Isso é o que BF3 e BF4 eram – eram todos soldados, no chão. Vai ser assim.” E, para evitar mal-entendidos, ele completou: “Não acho que precise de Nicki Minaj.”
Será que a concorrência direta forçou a Activision a olhar para o espelho, ou foi apenas um “insight” espontâneo após anos de feedback? Independentemente da causa, a mensagem da Activision ecoa, de forma quase cômica, o posicionamento do seu rival. A guerra dos shooters agora também é uma guerra de realismo cosmético.
O Equilíbrio Entre Autenticidade e Monetização
É inegável que a loja de Call of Duty, impulsionada por essas skins extravagantes, é uma máquina de fazer dinheiro para a Activision. A pergunta que paira no ar é como a empresa conciliará essa nova busca por autenticidade com a sempre presente necessidade de monetização. Black Ops 7 ainda venderá cosméticos extras? E, se sim, quão “aterrados” eles realmente serão?
A carteira dos jogadores é um campo de batalha à parte, e o desafio será manter o fluxo de receita sem “derivar” novamente para o terreno do surreal, algo que, aparentemente, a própria Activision reconhece como um problema.
O Futuro nos Campos de Batalha de Black Ops 7
Call of Duty: Black Ops 7 tem lançamento previsto para 14 de novembro, com uma beta multiplayer em outubro, para as plataformas PS5, PS4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC. A expectativa é alta para ver se essa “guinada” estratégica conseguirá resgatar a essência que muitos fãs sentem ter sido perdida. Será que a Activision conseguirá trazer de volta o realismo e a intensidade que fizeram a franquia lendária, ou a ausência das skins mais “divertidas” alienará outra parcela de jogadores? Só o tempo – e os campos de batalha virtuais – dirão.