No competitivo efervescente de Dota 2, declarações ousadas não são novidade. Mas quando um jogador profissional de alto calibre, como Alexander “TORONTOTOKYO” Khertek, da equipe Aurora Gaming, se autoproclama o “melhor do mundo” com um herói específico, o mundo do esports para para ouvir. Desta vez, o centro das atenções é o enigmático Chen.
A Proclamação do “Melhor do Mundo”
Recentemente, TORONTOTOKYO não mediu palavras ao expressar sua confiança sobre o herói Chen. Em uma declaração que rapidamente ecoou pela comunidade de Dota 2, ele afirmou:
“No Chen, sou o jogador mais forte do mundo, sem brincadeira. Se vocês tiverem cérebro e assistirem a algumas partidas oficiais, entenderão tudo.”
Essa não é uma afirmação trivial. Chen é um herói de suporte que exige um controle de micro complexo e uma capacidade de visão de jogo excepcional, frequentemente relegado a nichos específicos devido à sua curva de aprendizado íngreme e dependência de seus creeps controlados. A ousadia em se declarar o mestre supremo de um herói tão particular é, no mínimo, intrigante.
Os Números por Trás da Confiança
Mas será que a autoproclamação de TORONTOTOKYO se sustenta nas estatísticas? De acordo com dados do Dotabuff, o jogador russo acumulou 13 partidas oficiais com Chen, ostentando uma taxa de vitória respeitável de 69,2%. É um bom número, sim, especialmente considerando a complexidade do herói. No entanto, 13 partidas são um universo de dados relativamente pequeno para coroar alguém como o “melhor do mundo”, um título frequentemente disputado por centenas de jogadores de elite com milhares de partidas em seus currículos. A ironia reside aí: a certeza inabalável de TORONTOTOKYO é quase tão impressionante quanto sua taxa de vitória.
É importante notar que todas essas partidas foram jogadas na posição 5, ou seja, como suporte. Esse detalhe é crucial, pois Chen como suporte é um encaixe mais tradicional para o herói, focado em puxar lanes, curar e controlar objetivos com seus súditos.
Experimentação de Posição: Chen Offlaner?
A paixão de TORONTOTOKYO por Chen não se limita apenas ao seu uso como suporte. Ele revelou ter explorado outras possibilidades para o herói, especificamente na posição 3 (offlaner). Contudo, essa empreitada não teve o mesmo sucesso ou satisfação:
“Eu pensei, no Chen `três` é preciso jogar. Joguei algumas partidas — não me agradou muito, para ser sincero. O herói tem muito pouco dano na lane.”
Essa análise pontual demonstra uma compreensão profunda das mecânicas do herói e do meta. Ele não apenas se limita a jogar bem, mas também a entender os limites e potenciais de Chen em diferentes funções. Essa capacidade de adaptação e crítica é uma marca de jogadores de elite, mesmo que não resulte em um novo meta disruptivo.
Além do Herói: A Mente de um Pro Player
A confiança de TORONTOTOKYO no Chen ecoa sua mentalidade em relação à carreira. Em comentários anteriores, o jogador discutiu abertamente sobre o esgotamento (burnout) na cena profissional de Dota 2 e os motivos que levam alguns jogadores a se aposentar precocemente. Ele destacou que aprecia cada partida e, por isso, não se sente cansado de competir em torneios.
Essa paixão genuína e a autoconfiança, mesmo que beire a arrogância para alguns, podem ser os pilares que sustentam a longevidade e o sucesso em um ambiente tão desgastante como o esports de alto nível. Afinal, acreditar em suas próprias habilidades, especialmente quando se joga um herói tão exigente, é um fator que pode impulsionar um jogador a superar desafios e manter a chama competitiva acesa.
Conclusão: A Audácia que Move o Jogo
Se TORONTOTOKYO é de fato o melhor jogador de Chen do mundo, talvez só o tempo e mais centenas de partidas oficiais dirão. Mas sua declaração não apenas chamou a atenção para si mesmo, como também reacendeu o debate sobre a maestria em heróis específicos e a importância da confiança no cenário profissional de Dota 2.
No fim das contas, a audácia é parte do charme dos esports. Ela gera discussões, inspira fãs e, acima de tudo, mostra que, mesmo em um jogo de equipe, o brilho individual pode, e deve, ser celebrado — mesmo que com uma pitada de saudável ceticismo e uma dose de ironia, como o próprio jogo muitas vezes nos oferece.