Ah, as cutscenes. Amadas por uns, ignoradas por muitos. Quem nunca se viu clicando freneticamente para pular aquele monólogo interminável e voltar à ação? Pois bem, em `Baby Steps`, essa atitude de impaciência pode custar caro – e de uma forma bastante peculiar e divertida.
Um Simulador de Caminhada com uma Personalidade Única
`Baby Steps` não é um jogo comum. Descrito como um “simulador de caminhada literal”, ele já prometia uma experiência, digamos, singular. Mas a genialidade (e a malícia) dos desenvolvedores Gabe Cuzzillo e Maxi Boch, juntamente com Bennett Foddy – a mente por trás do infame `QWOP` e `Getting Over It` – reside nos detalhes. Eles criaram um mundo onde cada passo conta, e cada cena da história também.
O jogo, disponível para PlayStation 5, PC e verificado para Steam Deck, parece ter sido projetado para testar a paciência do jogador, não apenas com sua mecânica de locomoção, mas também com sua narrativa. E é exatamente aí que entra a “punição” mais hilária que um desenvolvedor poderia infligir a um jogador apressado.
A Retaliação pela Impaciência: Uma Cutscene de 28 Minutos
Se você é daqueles que pulam cutscenes como se não houvesse amanhã, `Baby Steps` tem uma surpresa reservada. Não basta ignorar uma ou duas; se você for persistente o suficiente para pular cerca de 30 cenas ao longo do jogo, o destino final te aguarda: uma cutscene de aproximadamente 28 minutos de duração. Isso mesmo, quase meia hora de conteúdo não interativo! Ironia? Sim, e das boas.
Esta “cena secreta” final não é apenas longa; ela é uma obra-prima do metacomentário e da conversa sem sentido. Nela, o protagonista Nate (dublado por Cuzzillo) se encontra com Moose, um híbrido de burro-humano (dublado por Foddy). O diálogo que se segue é uma delícia para quem aprecia um humor mais… ácido.
“Você pulou muitas cenas, não foi?” — A voz de Nate parece ressoar diretamente na consciência do jogador, quebrando a quarta parede com uma elegância que só mentes como as de Cuzzillo e Foddy poderiam orquestrar.
Tópicos Aleatórios e Alfinetadas Subtis
A conversa entre Nate e Moose divaga por uma infinidade de tópicos, desde o próximo jogo da Naughty Dog até palhaços fictícios favoritos, tudo isso enquanto os desenvolvedores, através de seus personagens, tecem comentários e alfinetadas direcionadas aos “puladores de cutscenes”. É como se eles estivessem dizendo: “Ah, você não queria ouvir a nossa história? Pois agora vai ter que ouvir tudo isso… e mais um pouco!”.
Essa abordagem é uma forma engenhosa de Cuzzillo e Foddy de chamar a atenção para o seu trabalho de voz e narrativa. Em um meio tão interativo, o papel das cinemáticas sempre foi um ponto de debate. `Baby Steps` não apenas participa dessa discussão, mas a eleva a um novo nível, transformando a impaciência do jogador em parte integrante da piada. E o melhor de tudo: é tudo feito na mais pura boa vontade, com um toque de diversão e provocação.
A Lição de `Baby Steps`: Pense Duas Vezes Antes de Pular
Em suma, `Baby Steps` é mais do que um simples jogo; é uma declaração. Uma declaração de que, às vezes, vale a pena diminuir o ritmo, apreciar a jornada e, talvez, dar uma chance àquelas cenas de história. Ou então, prepare-se para ser “recompensado” com uma das experiências mais hilárias e punitivas que a indústria dos games já criou.
Portanto, da próxima vez que você estiver jogando `Baby Steps`, pense bem antes de apertar o botão de pular. Os desenvolvedores estão de olho, e a vingança deles, embora engraçada, pode ser implacável.