No mundo dos esports, onde a glória é efêmera e a derrota, por vezes, cruel, poucos destinos são tão cativantes e dolorosos quanto o de Wang “Ame” Chunyu. O renomado carry chinês de Dota 2 escreveu mais um capítulo em sua saga pessoal no palco principal do The International 2025, e, para a tristeza de seus fãs, foi um roteiro dolorosamente familiar: a derrota em uma Grande Final, com o placar de 2:3.
Esta não é apenas uma derrota; é a terceira vez que Ame, agora representando a equipe Xtreme Gaming, vê o cobiçado Aegis of Champions escorregar por entre os dedos na partida decisiva. E, de uma ironia quase poética, todas as três ocasiões terminaram com o mesmo placar apertado de 2:3 – uma sequência que talvez o fizesse questionar se o número não estaria amaldiçoado, ou se apenas a grandeza de seus oponentes era sempre um milímetro maior.
O Legado de Quase-Vitórias
A história de Ame no The International é uma tapeçaria rica em talento, estratégia impecável e, infelizmente, finais amargas. Sua primeira experiência na final remonta a The International 2018. Naquela ocasião, jogando pela icônica equipe LGD Gaming, Ame e seus companheiros enfrentaram a lendária OG em uma série que muitos consideram uma das maiores e mais emocionantes da história do Dota 2. O desfecho? Um 2:3 para a OG, que selou seu status de campeões improváveis.
Três anos depois, em The International 2021, Ame teve outra chance de redenção, novamente com a LGD Gaming. A expectativa era palpável; o time chinês era amplamente favorito. Contudo, em uma performance memorável que chocou o mundo, a Team Spirit, uma equipe que começou o torneio como underdog, superou a LGD por… adivinhe? Exato, 2:3. Mais uma vez, o Aegis ficou a um jogo de distância.
TI 2025: A Repetição da História?
O palco para a terceira tentativa de Ame foi a Alemanha, onde o The International 2025 reuniu as 16 melhores equipes do mundo para disputar um prêmio de US$ 2,6 milhões. Com a Xtreme Gaming, Ame liderou uma campanha forte, mostrando o brilhantismo que o tornou um dos jogadores mais respeitados de todos os tempos. A equipe chegou à Grande Final com méritos, mas o resultado final foi, mais uma vez, um eco doloroso do passado.
Para Ame, esta trilogia de quase-vitórias não diminui seu legado. Pelo contrário, ela o solidifica como um dos talentos mais persistentes e habilidosos que o Dota 2 já viu. Chegar à Grande Final do The International, o torneio mais prestigiado e de maior premiação do mundo dos esports, por três vezes é um feito extraordinário em si. Pouquíssimos jogadores conseguiram tal consistência no auge do cenário competitivo.
O Que Vem a Seguir?
A comunidade de Dota 2, enquanto lamenta com Ame, também se pergunta: será que ele terá outra chance? Será que a “maldição do 2:3” será quebrada um dia? Ou será que ele permanecerá como o “eterno vice-campeão”, um título agridoce que, de certa forma, apenas sublinha a sua imensa capacidade e a crueldade do destino? A resposta só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: a jornada de Ame é um lembrete vívido de que no esports, assim como na vida, a glória é muitas vezes precedida por um caminho repleto de desafios, e que a perseverança, mesmo sem o ouro, já é uma vitória por si só.