ArsZeeqq: Onde os Fãs de Dota 2 Estão Olhando Errado na Tundra Esports do Riyadh Masters 2025

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O cenário competitivo de Dota 2, com sua intensidade e reviravoltas, é um terreno fértil para análises apaixonadas e, por vezes, equivocadas. No recente Riyadh Masters 2025, a performance da equipe Tundra Esports tem sido um dos tópicos mais quentes. Após uma série de derrotas, a ira dos fãs se voltou predominantemente para o carry do time, Remco “Crystallis” Aretz, apontado como o principal culpado pelos resultados insatisfatórios.

No entanto, Arseniy “ArsZeeqq” Usov, um renomado caster e figura respeitada no universo de Dota 2, veio a público para desafiar essa narrativa popular. Em uma postagem direta em seu canal pessoal, ArsZeeqq defendeu Crystallis, argumentando que a verdadeira raiz dos problemas da Tundra está em outro lugar, uma perspectiva que merece ser analisada com mais profundidade.

A Contrarrevolução de ArsZeeqq: Culpa no Alvo Errado

ArsZeeqq não negou que Crystallis possa ter tido momentos de menor brilho, inclusive concordando que algumas escolhas de itens (builds) não foram as mais acertadas. Contudo, seu ponto central é que a comunidade está focando no jogador errado, ignorando falhas mais críticas e fundamentais que comprometeram a performance da equipe como um todo. É como culpar o goleiro por um time que não consegue sair do próprio campo.

Ele destacou episódios específicos que, em sua visão, expõem os verdadeiros gargalos da Tundra Esports, apontando para decisões táticas e de execução que transcendem a atuação individual do carry. Vamos aos exemplos que ele trouxe, com a devida dose de ironia implícita em suas observações:

  • Tundra vs. BB Team (Mapa 2 – Leshrac): ArsZeeqq questiona a performance de um jogador (presumivelmente o midlaner) com Leshrac. Este herói, conhecido por seu poder de fogo e capacidade de controle de recursos, estava com a maior vantagem de ouro (net worth) de sua equipe. Contudo, o jogador demonstrava ser incapaz de gerenciar seus recursos de forma eficiente, aparecendo em uma onda de creeps em um momento crítico, enquanto o restante da equipe (quatro jogadores) estava em uma posição de combate. Ele então se retirou para a base, perdendo uma teamfight crucial onde seus companheiros lutavam em desvantagem numérica de 4 contra 5. “Sim, claro, a culpa é do Crystallis”, ArsZeeqq ironiza, apontando para a desconexão tática e o foco equivocado.
  • Tundra vs. BB Team (Mapa 3 – Invoker): O segundo exemplo envolve um Invoker. Um herói de alta complexidade e impacto global, especialmente quando equipado com as Boots of Travel (um item que concede mobilidade para teletransportar-se para qualquer unidade aliada no mapa). Mesmo com essa ferramenta essencial para participação rápida em combates, o jogador foi inexplicavelmente ausente de três a quatro teamfights consecutivas. Em vez de se juntar aos seus colegas em posição, optava por teletransportar-se para uma onda de creeps. “Com `Travel Boots`, a pessoa simplesmente não consegue apertar os botões e chegar nas lutas? É de rir para não chorar”, comenta ArsZeeqq.
  • Tundra vs. Team Falcons (Mapa 1 – Storm Spirit): A partida contra a Team Falcons oferece outro ponto de destaque. Um Storm Spirit decide adquirir um Eternal Shroud – um item focado em resistência mágica e regeneração de mana – contra um draft adversário que, segundo ArsZeeqq, tinha ZERO controle de grupo. Essa escolha de item, além de questionável, foi acompanhada de um posicionamento perigoso e uma incapacidade de iniciar nos suportes inimigos, preferindo usar habilidades em heróis sob o efeito de BKB (Black King Bar), o que os torna imunes a grande parte dos feitiços. “Kyotaka sozinho teria vencido este jogo… mas claro, a culpa é do Crystallis”, encerra ArsZeeqq, jogando luz sobre a performance de outros elementos da equipe.

A Lição do Esporte Coletivo

A análise de ArsZeeqq reforça uma verdade fundamental nos esportes eletrônicos (e em qualquer esporte coletivo): a performance de um time é o reflexo da soma de suas partes. Apontar o dedo para um único jogador, especialmente quando as falhas sistêmicas são evidentes, é uma simplificação perigosa que distorce a realidade do jogo. A incapacidade de gerenciar recursos, o mau posicionamento e a falha em participar de teamfights em momentos cruciais são erros que minam a estratégia e a execução de qualquer equipe, independentemente do brilho individual de um ou outro jogador.

A Tundra Esports enfrentou a Team Falcons nos playoffs do Riyadh Masters 2025, perdendo por 0:2. A equipe de Crystallis, agora, se prepara para a disputa do terceiro lugar contra a PARIVISION.

O Riyadh Masters 2025, que ocorre de 8 a 19 de julho na Arábia Saudita, distribui um fundo de prêmios de $3 milhões de dólares entre 16 equipes, tornando cada jogo e cada decisão ainda mais críticos. A complexidade do Dota 2 exige mais do que apenas habilidade individual; exige sinergia, comunicação e, acima de tudo, a capacidade de identificar e corrigir as verdadeiras falhas. E, pelo visto, ArsZeeqq está nos mostrando onde a comunidade talvez precise recalibrar sua mira.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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