Lançamentos de jogos são sempre momentos de grande expectativa. Mas, para a franquia Battlefield, o ano de 2021 com Battlefield 2042 se tornou sinônimo de uma decepção memorável. Embora tenha alcançado o Top 5 de vendas nos EUA, a verdade é que, comercialmente, o jogo não entregou o esperado pela EA, e a recepção dos fãs foi… digamos, um campo de batalha à parte. Agora, com Battlefield 6 no horizonte, parece que os desenvolvedores aprenderam a lição, ou pelo menos *esperamos que sim*.
2042: O Campo Minado das Expectativas Frustradas
Não é novidade que Battlefield 2042 não foi o sucesso que a Electronic Arts e a DICE imaginavam. A comunidade, notoriamente apaixonada e exigente, sentiu que o jogo se afastou dos pilares fundamentais que definem a série. Imagine a cena: você está esperando um banquete épico de guerra, e recebe… um fast food morno. Essa foi a sensação de muitos. Mas, como dizem, até mesmo dos fracassos se tira algum proveito.
Alexia Christofi, produtora de Battlefield 6, confirmou em uma entrevista ao Well-Played que as dificuldades de 2042 foram um catalisador. “Aprendemos muito com o 2042. Tiramos muitas lições daquilo, e embora tenha se desviado do que as pessoas consideravam o cerne de Battlefield, ficou muito claro e fácil para as pessoas vocalizarem as coisas que o 2042 não era, e o que precisamos garantir que Battlefield 6 seja.” Uma confissão sincera, que soa quase como um pedido de desculpas corporativo, com um toque de pragmatismo.
Redefinindo os Pilares: Uma Busca Pela Identidade Perdida
David Sirland, outro produtor, ecoou essa percepção, afirmando que a equipe dedicou um tempo considerável para revisitar os pilares essenciais de Battlefield: destruição ambiental, um sistema de classes bem definido e veículos impactantes. A ideia não é apenas fazer um jogo, mas fazer um Battlefield.
Christofi complementou, dizendo que era crucial definir o que esses princípios fundamentais representavam. Sirland, com um pragmatismo quase filosófico para um desenvolvedor de jogos de guerra, adicionou: “Precisávamos definir isso claramente, porque isso nos guia por muito tempo, tipo 10 anos ou mais. Deve ser assim tão rigoroso. Claro, você pode emendar e mudar, mas todos na equipe devem ser capazes de sentir isso e pensar, `Ok, eu sei o que estamos fazendo.` Então, quando surge uma nova ideia, ela se encaixa? Sim, legal. Não é que diga exatamente o que fazer, mas deve indicar o caminho a seguir. Acho que é isso que é necessário. Porque, talvez, se houver algo, para o 2042, isso não estava super claro, certo, especialmente não ao longo do tempo. Foi mais uma reação a algo que não funcionou e nós mudamos o mais rápido possível.” É a franqueza da experiência que fala alto aqui. Parece que a equipe finalmente sentou para fazer uma terapia em grupo com a própria franquia.
A Grande Reforma: Novos Generais para Novas Batalhas
O descontentamento com 2042 não resultou apenas em reflexões internas; gerou uma verdadeira reorganização estratégica. Em 2022, Rebecka Coutaz, gerente geral da DICE na época, admitiu que “todos estavam desapontados” com o lançamento. O resultado? Uma mudança profunda na liderança da DICE, com a saída de Oskar Gabrielson e outras figuras importantes.
A EA, percebendo a gravidade da situação, criou até uma nova divisão, a Battlefield Studios, para supervisionar a marca. Sob esse novo guarda-chuva, estúdios como DICE, Criterion, Ripple Effect e Motive agora trabalham juntos. E, para adicionar um tempero extra a essa receita de “redenção”, trouxeram pesos-pesados da concorrência: Byron Beede, ex-gerente geral de Call of Duty, assumiu a mesma posição em Battlefield, e Vince Zampella, outro veterano de Call of Duty, agora lidera o futuro da franquia na EA. Parece que a EA decidiu que, para vencer o inimigo, é preciso conhecer bem o inimigo – ou, neste caso, trazer seus melhores estrategistas para o próprio campo.
O Que Esperar de Battlefield 6: A Promessa da Nova Guerra
Até agora, as ações e declarações da EA e da DICE indicam um esforço genuíno para reconquistar a confiança dos fãs. Mas o mercado de jogos é implacável, e apenas tempo e jogo dirão se Battlefield 6 conseguirá “aterrissar” suavemente e garantir seu lugar.
O novo título promete não apenas o tradicional multiplayer e uma campanha imersiva, mas também uma nova experiência battle royale, que busca inovar e talvez competir com os gigantes do gênero.
Os curiosos e veteranos da guerra virtual terão um gostinho do que está por vir na beta aberta de Battlefield 6, que se inicia em 7 de agosto para um grupo seleto, com uma expansão mais ampla ainda em agosto. O lançamento completo do jogo está agendado para 10 de outubro, disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Será que este é o renascimento que a franquia Battlefield tanto precisa? Ou será mais uma tentativa audaciosa que, por ironia do destino, acabará em fogo cruzado das críticas? A DICE e a EA estão apostando alto, com uma equipe renovada e, aparentemente, um roteiro mais claro. Para os fãs, a esperança, como um bom kit médico, sempre se renova no campo de batalha.