Bugs em Dota 2: Talvez seja hora de decidir o que fazer, e não estamos falando da Valve

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O meme “Ainda é Beta” voltou a ser relevante nas qualificatórias chinesas para o The International 2025 de Dota 2. Durante a partida entre Xtreme Gaming e Yakult`s Brothers, Zhou “Emo” Yi, jogando de Queen of Pain, encontrou um erro crítico. Ele ativou a ultimate Sonic Wave em um herói com Aeon Disk, o que resultou em dano letal instantâneo. Após ressuscitar, ele ficou com 1 HP e incapaz de controlar o herói. A partida ficou pausada por cerca de uma hora. Depois disso, os organizadores reverteram o jogo em alguns minutos, fazendo com que a Xtreme perdesse parte da vantagem que havia conquistado. Este incidente reacendeu a discussão sobre o problema dos bugs em partidas oficiais e como os organizadores de torneios (TOs) devem agir nessas situações. É sobre isso que falaremos.

Dota 2 é “tão não beta” que o jogo tem duas categorias de bugs — aqueles que todos conhecem e aqueles que permanecem ocultos até certo momento. Lidar com a primeira categoria é, claro, mais simples. Organizadores de torneios mais cuidadosos listam antecipadamente em seus regulamentos uma série de exploits cujo uso é proibido. A violação dessa regra pode levar a sanções, incluindo desqualificação. Às vezes, os TOs precisam atualizar o regulamento durante o evento, por exemplo, se um patch for lançado entre as etapas e trouxer novas vulnerabilidades. No geral, esse mecanismo é compreensível e bem estabelecido.

Quando os TOs listam proibições de exploits desde o início, ou mesmo anunciam publicamente a proibição de certos heróis ou itens (porque um bug está associado a eles), isso simplifica o processo e traz clareza. Sim, às vezes, mesmo aqui, os TOs agem de forma inconsistente (como no caso da NAVI Junior), mas pelo menos há uma tentativa visível de criar um sistema.

Mas muito mais frequentemente, encontramos erros que são pouco conhecidos ou completamente desconhecidos. Eles geralmente acontecem acidentalmente, após o que o jogo pausa, e os TOs entram em pânico sem saber o que fazer, enquanto os espectadores discutem qual decisão seria justa.

O desfecho dessas situações geralmente tem duas possibilidades, dependendo principalmente de:

Se for um evento da Valve e um funcionário da Valve estiver disponível, esses bugs geralmente são corrigidos rapidamente, como aconteceu com Somnus no TI 2023.

Mas se um funcionário da Valve já foi para casa, fazer algo rapidamente (ou fazer algo de qualquer forma) torna-se difícil. Foi o caso, por exemplo, na partida recente envolvendo a Aurora, quando Nightfall, jogando de Doom, encontrou um bug que o impedia de usar buyback.

O exemplo de Nightfall é revelador. O problema não é que os organizadores não puderam magicamente consertar o botão de buyback para o carry da Aurora, mas sim que eles não tinham, desde o início, um plano sobre o que fazer em tal situação. O bug com a Queen of Pain entra na mesma categoria. Sim, esse erro foi reportado há alguns meses, mas não se pode dizer que era amplamente conhecido, o que significa que os TOs não estavam preparados para ele.

Sempre que isso acontece, os TOs começam a dialogar com as equipes e sugerir opções para resolver a situação (ou simplesmente ficam em silêncio e jogam uma moeda no escritório para decidir por conta própria). É óbvio que duas equipes adversárias nunca chegarão a um consenso. Afinal, um rollback de alguns minutos sempre beneficiará uma equipe e prejudicará a outra. Sem falar nos espectadores, que também têm suas preferências (ou pior – suas apostas). No final, isso se transforma em uma farsa prolongada, onde alguém sempre ficará insatisfeito com a decisão final.

Observe o regulamento dessas qualificatórias regionais, com suas formulações vagas e abrangentes.

A questão é que regras com formulações assim podem ser manipuladas à vontade. Não há sequer uma semelhança de sistema. É compreensível que, dessa forma, os TOs deixem espaço para manobras, mas os custos são muito altos. Sim, é mais fácil elaborar um regulamento assim e esperar que não haja problemas, e se houver, resolvê-los na hora. Mas não seria melhor criar um protocolo de ações claro para essas situações?

Com base nas situações que surgiram nos últimos anos, esse protocolo pode ser criado. E ele eliminaria todas as disputas possíveis e aceleraria o tempo de tomada de decisão. Sim, as regras criadas podem não ser perfeitas, mas pelo menos os jogadores saberiam por que uma determinada decisão foi tomada, e os espectadores entenderiam o que esperar. Mas, por enquanto, temos o que temos.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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