O The International, ou simplesmente TI, é o pináculo do Dota 2 competitivo. A edição de 2025, realizada entre 4 e 14 de setembro em Hamburgo, Alemanha, não foi exceção. Com uma premiação superior a US$ 2,7 milhões, o torneio reuniu os melhores talentos do mundo para disputar o cobiçado Aegis of Champions. Mas, além dos embates épicos e das jogadas de tirar o fôlego, o que os números nos revelam sobre a intensidade e a estratégia por trás desse espetáculo?
A Economia Oculta: Mais de 400 Mil Creeps e Um Fazendeiro Incansável
Enquanto os holofotes brilham sobre as teamfights e os Rampages, a verdadeira base do Dota 2 reside na economia. E no TI 2025, essa base foi colossal: mais de 400 mil creeps foram “farmados” ao longo de todo o torneio. Pense nisso por um momento: cada pequeno minion, abatido com precisão milimétrica, contribuindo para o poderio dos heróis. Essa montanha de ouro e experiência é a fundação para qualquer vitória.
Nesse mar de abates, um nome se destacou com uma fome insaciável: Wang “Ame” Chunyu. O lendário carry conseguiu o impressionante feito de abater 16 mil creeps, solidificando sua reputação como um mestre em otimização de recursos. É uma verdadeira arte transformar pequenos monstros em um arsenal devastador. Enquanto muitos buscam a glória instantânea das eliminações, Ame provou que a paciência e a eficiência são igualmente, se não mais, cruciais.
Os Caçadores e a Caça: Rampages Raros e Heróis em Destaque
Se farmar creeps é a base, as eliminações são o tempero. E o TI 2025 foi um espetáculo de talentos individuais. Stanislav “Malr1ne” Potorak, do Team Falcons, emergiu como o jogador com o maior número de eliminações do torneio. Uma prova da sua agressividade e capacidade de capitalizar oportunidades, transformando o mapa em seu campo de caça pessoal.
Contudo, para um torneio de tal magnitude, o número de Rampages (cinco eliminações consecutivas) foi surpreendentemente baixo: apenas três. Isso reflete a alta coordenação e a dificuldade de dominar por completo equipes de elite, onde cada passo em falso pode ser punido. A ironia é que a raridade de um Rampage o torna ainda mais valioso e memorável.
Quando olhamos para os heróis, as estatísticas contam histórias fascinantes. O Earthshaker, com seu impacto explosivo e a capacidade de virar lutas com um único Echo Slam bem posicionado, liderou as estatísticas tanto em número de eliminações quanto em dano causado. Um verdadeiro terremoto em forma de herói, capaz de abalar as estruturas de qualquer equipe adversária.
Por outro lado, houve também o lado menos glorioso. O pobre Bane, com suas habilidades de controle e isolamento, teve a infelicidade de ser o herói mais abatido do torneio. Uma triste constatação de que, às vezes, ser indispensável em uma teamfight significa ser o primeiro alvo. É um sacrifício necessário em nome da equipe, mas certamente doloroso para o jogador que o controla. Talvez Bane mereça um abraço após cada partida, ou, no mínimo, um bom escudo.
A Ascensão Silenciosa: Snapfire, a Vovó Campeã das Vitórias
Nem sempre o herói mais chamativo é o mais eficaz. A Snapfire, uma adorável avó cuspidora de fogo, registrou o maior número de vitórias entre todos os heróis. Uma prova de sua versatilidade, sustain e a capacidade de ser relevante em diversas composições de equipe. Ela pode não roubar os holofotes com Rampages espetaculares, mas silenciosamente pavimenta o caminho para a vitória com consistência e impacto, provando que a experiência é, de fato, a melhor professora.
Além dos Pixels: A Análise Humana por Trás dos Dados
Essas estatísticas, embora frias em si mesmas, pintam um quadro vívido do The International 2025. Elas revelam não apenas a performance individual e dos heróis, mas também as tendências estratégicas, a resiliência dos jogadores e a evolução contínua do Dota 2. Cada creep farmado, cada eliminação, cada morte, é um micro-momento que contribui para a tapeçaria complexa de um torneio de elite.
O TI 2025 foi mais uma vez um testemunho da paixão, habilidade e dedicação que definem o cenário competitivo de Dota 2. E como sempre, os números estão aí para nos lembrar que, por trás de cada jogada de mestre, há uma montanha de dados esperando para ser desvendada por aqueles que ousam olhar além da superfície do jogo.