Frieren: A Caminhada para o Além vs. Masmorras e Sabor: Qual Título Merece o Título de Melhor Anime?

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Os sucessos na indústria de anime de hoje são, por vezes, surpreendentes. A liderança nas classificações muitas vezes não vai para novas obras que buscam inovar a todo custo, mas sim para aquelas que executam com maestria uma fórmula já consagrada. “Frieren: A Caminhada para o Além” é uma fantasia de alta qualidade, embora bastante convencional. No entanto, sua avaliação ainda supera 9, deixando para trás até mesmo “Fullmetal Alchemist”, cuja fiel base de fãs guardou o topo por anos contra a investida de comédias românticas e slice-of-life sazonais. Logo após “Frieren”, surgiu “Masmorras e Sabor”, com muitas ideias inovadoras, mas não alcançou a mesma fama. Vamos analisar estes dois “cavaleiros” do gênero fantasia em isolamento.

É realmente justo comparar duas histórias tão diferentes? Uma sobre uma velha maga e outra sobre um bando de aventureiros-cozinheiros excêntricos? A questão é que os objetivos finais distintos não influenciam tanto o processo da aventura fantástica. Temos um grupo típico de D&D viajando de um ponto A para um ponto B, e ao longo do caminho acontecem eventos ditados pela premissa da história. Frieren relembra o passado, enquanto os cozinheiros caçam monstros para cozinhar. O sucesso principal da linha narrativa ainda depende da densidade, variedade e nível de interesse dos eventos encontrados.

No entanto, cada história tem suas próprias tarefas. “Frieren” precisa desenvolver seus personagens sem entediar o espectador com a crônica da vida de uma elfa antiga, e “Masmorras e Sabor” deve ir além do tema da comida, apresentando algo mais à audiência. Ambos os títulos cumprem seus objetivos. No primeiro, há uma riqueza de personagens secundários interconectados por um sistema de relacionamentos relativamente complexo. No segundo, temos uma aventura intrigante e emocionante em uma masmorra, repleta de desafios inesperados.

Então, talvez o nível de desenvolvimento dos personagens seja diferente? De forma alguma. Pelo contrário, as abordagens para construir o ecossistema da aventura são, de certa forma, semelhantes. Há vários grupos atuando paralelamente aos personagens principais, cruzando-se com eles em sua jornada. Isso enriquece os eventos com novas perspectivas, e ganhamos motivos adicionais para nos importar com outras figuras da trama. E, nesse ponto, também não encontramos uma diferença marcante entre os dois titãs.

Já que é difícil encontrar diferenças fundamentais entre estes sucessos, a melhor abordagem é examinar uma série de detalhes menores que, no final, compõem a imagem geral.

As diferenças se manifestam em algumas ideias específicas de tropos, mas elas não representam um valor intrínseco enorme. Em “Masmorras”, por exemplo, destacam-se a posição dos elfos e as influências asiáticas, como no grupo de Toshiro Nakamoto. Em “Frieren”, há mais atenção dedicada aos demônios e à organização mágica, que teve um arco inteiro focado neles. Mas isso não desempenha um papel global significativo, pois há apenas uma diferença substancial entre os dois títulos. É essa única diferença que vira tudo de ponta-cabeça.

“Masmorras e Sabor” segue o cânone clássico da fantasia. Mas isso é falta de criatividade? Pelo contrário, é excesso de ideias. Os roteiristas parecem dizer ao espectador: “Tragam-nos o cenário mais batido, e encontraremos uma forma inusitada de abordá-lo”. E eles não mentem. E se cada tropo de gênero parecer comum, mas contiver um toque especial? Então, todas as situações de estresse que reúnem esses elementos terão um desfecho fundamentalmente diferente.

Você tem um grande arrombador, mas ele morre de medo de mímicos. O que acontecerá se ele ficar preso em uma sala com um deles? Seu guerreiro, aparentemente, escolheu a classe errada, pois errou o “Inventor”. Agora, cada luta do grupo se transformará em um experimento de campo para descobrir novas mecânicas da masmorra. Sua maga, em um momento crítico, desabotoa a magia proibida, recorrendo quase à necromancia. E isso parece extremamente sombrio, como a magia de sangue de Dragon Age: Origins.

É essa habilidade de criar suspense através dessa releitura de tropos que coloca “Masmorras” um passo à frente. Vejamos a vida dos heróis. Eles literalmente lutam pela sobrevivência, muitas vezes por um fio da morte. Em “Frieren”, as tentativas de mostrar qualquer perigo são tão forçadas e desajeitadas (imagine a reação de uma heroína `poderosa` e `kuudere` diante da morte?) que falham toda vez. Frieren tem pouca mana diante do general demônio, mas depois tem muita mana. Frieren dorme diante de um figo perigoso, mas depois não dorme. O clone de Frieren não representará perigo para os heróis, pois lutará “1v9”.

Em “Masmorras”, algo sempre dá errado. A armadilha para o dragão não funcionou, Marcille sofreu esgotamento, o curandeiro principal foi comido. Naquela mesma batalha contra o lagarto cuspidor de fogo, houve tantas reviravoltas que não ficou claro até o fim se o grupo conseguiria com suas forças modestas. E depois os personagens feridos perambulam pela área sem recursos, exatamente como em um RPG realista na dificuldade alta.

Não esqueçamos o quanto a própria ideia de comer monstros expande o cenário habitual. Agora, em busca de ingredientes, investigamos cada criatura a fundo, tentando descobrir suas fraquezas e peculiaridades. Da sobrevivência à caça: essa dinâmica adiciona muito ritmo às aventuras dos protagonistas, pois a presa planejada pode se revelar um peixe grande demais.

É justo notar que a intensidade da aventura é secundária para “Frieren”. Mais importante é aproximar-se ao máximo da atmosfera clássica do gênero, viajando tranquilamente com um pequeno grupo. Isso é alcançado pela concentração nos personagens e suas muitas interações internas. A química diversa proporciona aquela “vibe” de acampamento de D&D, onde os personagens passam horas pensando em suas próprias coisas. Mas em “Masmorras”, os personagens também não são superficiais. Eles também carregam uma bagagem de reflexão, arrependimentos e sonhos sobre o futuro. No entanto, eles se revelam em situações estressantes e incomuns.

Portanto, podemos dizer que estamos diante de dois métodos, direções, abordagens. “Frieren” não tenta inventar nada novo. Sua tarefa é criar um universo coeso, onde o importante é o processo da jornada, as mudanças no estado dos personagens devido às impressões do dia a dia. Tudo isso converge em um quadro muito relaxante. O espectador não precisa correr, pensar em estratégias complexas, se preocupar com nada. Basta sentar, assistir ao anime, rir de vez em quando com a Fern, ou olhar melancolicamente pela janela junto com a Frieren, lembrando do passado.

Já “Masmorras” só faz gritar: “Próximo! Próximo!”, transformando clichês do gênero em algo completamente diferente no processo. A pressão opressora dos níveis inferiores, seguida por um pouco de humor da culinária para relaxar. Uma aventura perigosa dá lugar a uma briga engraçada no grupo. A intenção de combinar elementos opostos exige uma narrativa hábil, especialmente se você busca reinventar elementos clássicos. Só por esse desejo, “Masmorras” merece todo o elogio, pois não se contenta com o que já está pronto. São histórias assim que impulsionam a indústria a viver e evoluir, em vez de apenas reproduzir a mesma receita antiga e enraizada.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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