Fyodor Smolov: A Surpreendente Jornada do Futebolista do CS2 ao Universo Complexo de Dota 2

Notícias sobre esportes » Fyodor Smolov: A Surpreendente Jornada do Futebolista do CS2 ao Universo Complexo de Dota 2

No dinâmico mundo do futebol, onde cada passe, cada gol e cada vitória são dissecados com lupa, raramente olhamos para as paixões que os atletas cultivam fora dos gramados. No entanto, o atacante russo Fyodor Smolov, figura conhecida nos campos europeus, resolveu “abrir o jogo” e revelou um universo paralelo que o consome tanto quanto o futebol: os videogames competitivos. E, para surpresa de muitos, sua declaração sobre a transição do popular Counter-Strike 2 (CS2) para o complexo Dota 2 oferece uma perspectiva fascinante sobre a mente de um gamer de elite.

Em uma conversa descontraída com Luka “Lukawa” Nasuashvili, gerente da equipe de Dota 2 da BetBoom Team, Smolov detalhou sua incursão no mundo dos eSports. O relato, que integra um novo vlog da equipe, esclarece que seus horizontes nos PCs se limitam essencialmente a esses dois gigantes dos jogos. “Na verdade, só jogo dois games no computador: CS e Dota 2. E no `Dota` comecei a jogar há pouco tempo – tenho apenas 1.400 horas lá”, revelou Smolov, quase com um tom de novato, se não fosse o contexto de um jogo que exige milhares de horas para ser dominado.

A Grande Migração: Por Que CS2 Deixou de Ser Favorito?

O ponto de virada para Smolov veio com o lançamento de CS2. A atualização, que prometia revolucionar o clássico Counter-Strike: Global Offensive, não agradou a todos. E Smolov foi um deles. “Quando o CS2 foi lançado, eles mudaram o motor gráfico, a mecânica e os hitboxes. O jogo se tornou um desastre – e então eu migrei para o `Dota`”, desabafou o jogador. Um veredito um tanto direto para um título tão aguardado, mas compreensível para quem busca a precisão e a justiça competitiva que, por vezes, parecem fugir em grandes transições de plataforma. A frustração, aparentemente, foi o combustível para a mudança.

A transição, como todo bom gamer sabe, não é instantânea. Smolov confessou que o mergulho em Dota 2 exigiu um investimento de tempo considerável. “Meu melhor amigo começou a jogar muito antes, e ele, na verdade, me convenceu. Levei cerca de 600 horas para começar a entender minimamente o que estava acontecendo. E então me viciei. Gostei. Considero que `Dota` é muito mais interessante, mas também mais demorado”, explicou. Uma afirmação que ressoa com a comunidade de Dota 2, conhecida por sua curva de aprendizado íngreme e partidas que podem durar uma eternidade, mas que oferecem uma profundidade estratégica incomparável.

Das Lan Houses de Saratov aos Estádios Virtuais

A paixão de Smolov por videogames não é recente. Ela remonta à infância, um período que muitos gamers da geração anterior irão reconhecer. “Na verdade, jogo no computador desde os sete anos. Comecei em Saratov, quando as lan houses estavam apenas começando a aparecer, [quando] ainda não havia internet…”, recordou. A imagem de Smolov, então uma criança, em meio ao barulho dos teclados e à fumaça dos monitores antigos, evoca uma nostalgia universal. Ele até descreveu táticas clássicas de Counter-Strike 1.6: “No Mansion, se você entrasse primeiro para o ataque, era uma partida fácil. Ou no Aztec, atirando da ponte.” Pequenos detalhes que mostram um conhecimento aprofundado e uma jornada que precede o estrelato futebolístico.

Entre Treinos e Partidas Noturnas: Gaming na Vida de um Atleta Profissional

Mas como conciliar uma carreira de alta performance no futebol com a dedicação a jogos que exigem tantas horas? Smolov revelou que os games encontram espaço até mesmo no pico da temporada. “Participei do StreamersBattle de CS2, antes joguei por quatro dias. Em abril, acho que entrei no FACEIT pela última vez. Durante a temporada no FC Krasnodar, jogávamos com os caras um dia antes do jogo no matchmaking – como uma tradição. E realmente levávamos todos os notebooks conosco para todas as partidas. E isso era uma espécie de garantia de sucesso também”, contou Smolov, com uma pitada de ironia sobre a “superstição” gamer-futebolística.

A inevitável pergunta sobre a reação dos treinadores surgiu: “Os treinadores não reclamavam?”. Smolov sorriu: “Reclamavam. Não me diziam nada, mas o treinador se aproximava algumas vezes do capitão Eduard [Spertsyan] e dizia: `Não fiquem até tão tarde, vocês estão gritando às duas da manhã`. Todos os treinadores, quando você joga até tarde, dizem que você precisa dormir antes do jogo. Mas ninguém jogava até as seis da manhã, então… Você mesmo sabe: se perdeu uma partida, você pensa: `Poxa, vamos mais uma`. Não se desiste na derrota.” Uma cena bastante comum, seja para um atleta de elite ou para o estudante que tenta fechar a semana. A busca pela revanche, o desejo de terminar com uma vitória, transcende profissões e estilos de vida.

Mais Que um Hobby: Uma Paixão Compartilhada

A história de Smolov não é um caso isolado. O mundo dos eSports e dos games tem atraído cada vez mais personalidades do esporte tradicional. Recentemente, o lutador de MMA Khamzat Chimaev, de 31 anos, também revelou ser um grande fã de Dota 2, jogando o MOBA desde os 16 anos. Essas revelações quebram estereótipos e mostram que a paixão por videogames é universal, atingindo até mesmo aqueles que dedicam suas vidas à excelência física.

A jornada de Fyodor Smolov do CS2 para o Dota 2, e sua capacidade de integrar essa paixão em sua rotina de atleta, é um testemunho da crescente intersecção entre esporte e cultura gamer. É a prova de que, para muitos, um controle ou um teclado podem ser tão importantes quanto uma bola nos pés, e a emoção de uma vitória virtual, tão palpável quanto o rugido da torcida em um estádio lotado. E sim, para ele, talvez gritar às 2 da manhã durante uma partida de Dota 2 seja realmente a receita secreta para um gol decisivo no dia seguinte. Quem somos nós para duvidar?

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

© Copyright 2025 Portal de notícias de esportes
Powered by WordPress | Mercury Theme