A poeira baixou na Caja Mágica, em Madri, e com ela, uma certeza: a G2 Esports está de volta ao topo da Europa. Em uma temporada que desafiou as expectativas e testou os nervos de torcedores e analistas, a equipe europeia garantiu seu 17º título da League of Legends EMEA Championship (LEC) no Summer Finals 2025. Mais do que um troféu, esta vitória é um passaporte dourado, conferindo à G2 o posto de principal representante da EMEA no tão aguardado Campeonato Mundial, que este ano será sediado na China.
A conquista não foi apenas mais uma na já vasta coleção da G2; foi a primeira do ano, em uma temporada que, para surpresa de muitos, viu três campeões diferentes em cada um dos splits. Um sinal claro de que o cenário competitivo europeu nunca esteve tão aquecido e imprevisível. E é exatamente sobre essa imprevisibilidade e o crescimento dos adversários que Rasmus ‘Caps’ Winther, o lendário mid laner da G2, tem muito a dizer.
Madri: Um Palco de Paixão e Rivalidade
As finais de verão na capital espanhola foram um espetáculo à parte. Com cerca de 17.000 fãs vibrando a cada jogada, a atmosfera era eletrizante. A torcida local, majoritariamente vestida de azul, apoiava fervorosamente a Movistar KOI, a equipe da casa que chegou à grande final. Era um mar de esperança e expectativa para a KOI. Contudo, em meio aos aplausos e às cores vibrantes, foi a G2 Esports quem ergueu o cobiçado troféu.
Em uma performance que beirou a perfeição, a G2 não deu chances aos seus adversários, vencendo a Movistar KOI por 3 a 0. As partidas foram rápidas, decisivas e demonstraram uma sinergia impressionante por parte da equipe campeã. O destaque individual ficou para o jungler Rudy ‘SkewMond’ Semaan, que, com jogadas consistentes e uma participação exemplar em abates (84% e um KDA de 16/2/28, segundo dados da GOL.gg), faturou o prêmio de MVP das Finais. Uma prova de que, mesmo não levando o título de Rookie do Ano para casa, seu impacto na equipe foi inegável e fundamental para a vitória.
Caps: O Maestro que Vê Além do Placar
Para Caps, esta é a sua 15ª coroa no LEC, um feito que poucos podem sequer sonhar em alcançar. No entanto, o que torna esta vitória particularmente especial é o contexto. Pela primeira vez na história do LEC, cada split teve um campeão distinto. Uma anomalia para uma liga que, por vezes, parecia ter a G2 como sua única constante.
Com sua característica perspicácia, Caps reflete sobre o que muitos poderiam ver como um deslize da G2 nos splits anteriores. “Acho que com a gente performando um pouco abaixo e fazendo um pouco pior, creio que apenas abrimos espaço para todo mundo crescer”, comentou o mid laner. Uma declaração que, embora com uma ponta de autocrítica, carrega uma dose sutil de ironia, sugerindo que o “baixo desempenho” da G2 foi, na verdade, um catalisador para a evolução de toda a liga. Afinal, quem melhor para empurrar seus rivais do que a própria referência?
Ele prossegue, elogiando a crescente força dos concorrentes. “Tivemos três vencedores diferentes, mas até a Fnatic esteve muito bem durante todo o ano, e eles tiveram algumas atuações fortes também. E, quero dizer, até a GIANTX, acho que no palco eles às vezes se saíram um pouco pior, mas especialmente nos scrims, eles tiraram muitas partidas de nós e de outras equipes de ponta. Então, foi definitivamente um ano muito competitivo.”
Essa competitividade se estende à base de fãs, que, apesar de torcerem majoritariamente pela KOI em Madri, demonstraram grande respeito e apoio à G2. Caps compartilhou que, ao visitarem um cybercafé local, a recepção foi calorosa e encorajadora. Uma prova de que, no fundo, a paixão pelo jogo transcende as rivalidades entre equipes.
Questionado sobre os desafios de se manter consistentemente no topo, Caps credita o sucesso aos seus companheiros de equipe e à motivação mútua. “Sempre tive companheiros de equipe muito fortes que me impulsionam, e nós nos impulsionamos uns aos outros. Eu realmente quero ganhar o Mundial, e para isso, precisamos ser muito melhores do que até mesmo as equipes do LEC.”
Rumo à China: A Missão Continua
Com o título europeu garantido e a vaga para o Campeonato Mundial na China no bolso, a G2 Esports agora volta seu olhar para o desafio supremo. A ambição de Caps de conquistar o Mundial não é nova, mas ganha um novo contorno após uma temporada que provou que, mesmo os gigantes, precisam se reinventar. A Europa, outrora dominada de forma quase absoluta pela G2, agora apresenta um leque de talentos e estratégias mais robusto, o que, ironicamente, pode ter sido o tempero que a G2 precisava para aprimorar sua própria receita.
A G2 chega à China não apenas como campeã regional, mas como um símbolo de resiliência e adaptação. O caminho não será fácil, e a concorrência global é sempre feroz. Mas se há uma lição a ser tirada do LEC de 2025, é que a G2 Esports prospera sob pressão e, quando se trata de League of Legends, nunca se deve subestimar a capacidade de um campeão de se erguer novamente.