A Hello Games, estúdio que ganhou fama (e alguma infâmia inicial, é bom lembrar) com o ambicioso No Man`s Sky, está novamente no centro das atenções, prometendo reinventar a experiência de mundo aberto com seu próximo título, Light No Fire. Depois de quase uma década dedicando-se a aprimorar um universo gerado proceduralmente, a equipe de Sean Murray agora direciona seu foco para algo ainda mais… terreno. Prepare-se para uma aventura que promete ser tão vasta quanto um planeta, porque é exatamente isso que teremos.
A Evolução Contínua de No Man`s Sky e a Semente de Inovação
É inegável que No Man`s Sky representa um caso raro de redenção na história dos videogames. Lançado com promessas estratosféricas e, digamos, uma dose considerável de expectativas não cumpridas, o jogo floresceu ao longo dos anos, recebendo atualizações massivas que não apenas atenderam, mas superaram as expectativas iniciais. A atualização mais recente, “Voyagers”, introduziu melhorias significativas e, crucialmente, pavimentou o caminho tecnológico para o que virá a seguir.
Sean Murray, cofundador da Hello Games, revelou que boa parte da tecnologia desenvolvida para “Voyagers” – especialmente aquela que permite a criação de naves maiores, capazes de abrigar múltiplas personagens e tripulações – está sendo diretamente reaproveitada em Light No Fire. Uma estratégia engenhosa, diga-se de passagem: testar inovações em um jogo já estabelecido antes de lançá-las em um projeto totalmente novo. É quase como um programa beta pago, mas que os jogadores de NMS, para a surpresa de alguns, continuam a adorar.
Light No Fire: O Planeta Que É um Mundo Inteiro
Se No Man`s Sky nos ofereceu uma galáxia inteira para explorar, Light No Fire propõe um desafio diferente e, em sua essência, mais concentrado: um único planeta do tamanho da Terra. Mas não qualquer planeta. Murray o descreve como o “primeiro mundo aberto real”, um feito ambicioso, considerando o histórico do gênero e a dificuldade inerente de criar algo assim. A promessa é de um mundo compartilhado por todos os jogadores, com oceanos de proporções verdadeiramente épicas, que exigirão naves de grande porte e, sim, tripulações para serem atravessados.
Imagine a logística: não mais pequenos exocrafts flutuando sobre uma poça de água, mas sim verdadeiros navios, com múltiplos jogadores a bordo, enfrentando marés, tempestades e talvez até criaturas marinhas colossais. É uma visão que evoca uma mistura da exploração à la Era dos Descobrimentos com a sensação de aventura e cooperação de um MMO. A ironia, porém, é evidente: para explorar um único planeta, precisaremos de muito mais equipamento, organização e camaradagem do que para saltar entre sistemas estelares em NMS. A profundidade da exploração promete ser inversamente proporcional à quantidade de planetas disponíveis.
Desafios Técnicos e a Visão do Impossível
Construir um mundo aberto dessa magnitude, com um planeta em escala 1:1 e oceanos realistas, não é tarefa para os fracos de coração ou para motores de jogo convencionais. Murray admitiu que os desafios técnicos foram “imensos”, exigindo que “quase todas as partes do jogo fossem retrabalhadas para acomodar esses espaços relativos”. Isso sugere um motor de jogo profundamente modificado e otimizado, capaz de renderizar distâncias e detalhes em uma escala nunca antes vista para um único mapa de jogo que, por definição, não tem bordas de mapa ou telas de carregamento entre “regiões”.
A promessa de um mundo verdadeiramente compartilhado, onde a vastidão é um elemento central e não apenas um pano de fundo, posiciona Light No Fire como um título potencialmente revolucionário. A Hello Games não está apenas construindo um jogo; está forjando uma nova fronteira para o design de mundos abertos, onde a sensação de escala e a interação comunitária são as grandes estrelas. Resta ver se eles, mais uma vez, conseguirão transformar o improvável em realidade, e se a “tocha” de Light No Fire brilhará tão forte quanto o sol de um planeta alienígena recém-descoberto, mas desta vez, um que podemos chamar de lar.