Jason Isaacs, o ator britânico que deu vida ao imponente Lúcio Malfoy nos filmes da saga “Harry Potter”, não ficou calado diante da controvérsia recente envolvendo a escalação de Paapa Essiedu para interpretar Severus Snape na aguardada série de televisão baseada nos livros de J.K. Rowling.
Em uma entrevista concedida à imprensa, Isaacs foi direto e incisivo ao comentar a reação negativa de uma parcela do público fã da franquia. Ele fez questão de elogiar efusivamente o talento de Essiedu, descrevendo-o como “um dos melhores atores que já vi na vida”. Em seguida, sem hesitar, classificou a hostilidade online direcionada a Essiedu como puro e simples “racismo”.
O veterano ator não poupou palavras ao expressar seu desprezo pela postura dos críticos, esperando que eles “engulam suas línguas”, ou, em termos mais modernos, suas “línguas digitais”, assim que tiverem a oportunidade de ver a performance de Paapa Essiedu na pele do complexo e enigmático mestre de Poções de Hogwarts.
A polêmica em torno da escolha de Essiedu para o papel de Snape parece ter suas raízes em diferentes pontos de insatisfação entre alguns fãs. O argumento mais citado, segundo discussões online, é a diferença entre a descrição de Severus Snape nos livros — que o retratam como um homem branco — e a etnia do ator, que é negro.
Outro ponto levantado, este com uma dose de ironia involuntária para quem observa de fora, é a preocupação de que um ator negro seja escalado para interpretar um personagem que, por grande parte da narrativa, é visto como um antagonista ou uma figura a ser odiada pelos protagonistas (e, consequentemente, pelo público).
Para adicionar mais uma camada a essa já multifacetada discussão, a escalação de Essiedu também se cruza com o debate público sobre as posições de J.K. Rowling. Paapa Essiedu manifestou-se publicamente em apoio a pessoas transgênero, um posicionamento que diverge das visões expressas pela autora da saga em certos debates.
Questionada sobre essa possível dissonância nos bastidores ou se a posição do ator poderia levá-la a considerar seu desligamento da série, J.K. Rowling foi bastante clara em sua resposta. A autora afirmou não possuir a autoridade para demitir um ator da produção e, mesmo que a tivesse, não a usaria. Segundo ela, “não acredito que as pessoas devam ser privadas de trabalho ou de seus meios de subsistência porque suas crenças protegidas por lei diferem das minhas”.
Dessa forma, enquanto a produção da série “Harry Potter” avança, a escolha de Paapa Essiedu para um papel tão icônico quanto o de Severus Snape continua a gerar debates acalorados. A intervenção de figuras como Jason Isaacs, defendendo a escalação e confrontando o que ele classifica como preconceito, apenas reafirma que a magia de Hogwarts, mesmo fora das telas e páginas, ainda mexe com paixões e opiniões.