Ken Levine, o visionário por trás de obras aclamadas como BioShock, está prestes a nos apresentar seu mais novo universo: Judas. E, ao contrário de muitas produções atuais que abraçam freneticamente o online e os modelos de serviço contínuo, Levine opta por um caminho que ele mesmo define como “old-school”, ou “velha guarda”.
Em uma conversa recente, o desenvolvedor explicou que Judas foi concebido para ser uma experiência completa e contida. “Você compra o jogo e tem a coisa toda”, afirmou. Isso significa uma ausência deliberada de componentes online obrigatórios e, para alívio de muitos, nada de “live service”, aquele modelo que exige atenção constante e, por vezes, investimentos adicionais indefinidamente. A filosofia por trás dessa escolha é clara e focada: “tudo o que fazemos é para contar a história e transportar o jogador”, disse Levine.
Levine ponderou sobre as tendências da indústria, reconhecendo que jogos com elementos online e serviço são caros de desenvolver e visam um retorno sobre o investimento. No entanto, ele expressou gratidão pela liberdade concedida pela Take-Two, a empresa proprietária de seu estúdio, Ghost Story Games. Ele ressaltou que a Take-Two confia na equipe o suficiente para permitir que Judas seja uma experiência puramente focada no jogador, sem a necessidade de forçar monetização ou engajamento online contínuo.
Para validar sua abordagem, Levine apontou para o sucesso recente de jogos tradicionais para um jogador que dispensam esses modelos, citando títulos como Baldur`s Gate 3, Kingdom Come: Deliverance 2 e Clair Obscur: Expedition 33. Esses exemplos demonstram, segundo ele, que há um público ávido por experiências single-player ricas e completas, e que “o público recompensa esses jogos”, especialmente em um mercado onde os jogos AAA podem se tornar prohibitivamente caros com monetizações adicionais. Ele valoriza a oportunidade de “projetar o jogo puramente para a experiência do jogador”.
Apesar da visão aparentemente nostálgica e focada, o desenvolvimento de Judas tem sido um caminho notavelmente longo. Anunciado há anos, o jogo ainda não possui uma data ou sequer uma janela de lançamento definida. Relatos na imprensa sugeriram que o projeto enfrentou o que é conhecido na indústria como “inferno de desenvolvimento”, com a própria liberdade criativa de Levine sendo, em alguns momentos, um fator complicador. Há menções de que trabalhar com Levine pode ser desafiador, levando à saída de parte da equipe original. Uma dose de ironia técnica: o foco total na visão artística, por vezes, adiciona complexidade operacional.
Judas está confirmado para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Enquanto aguardamos por novidades concretas sobre seu lançamento, é interessante notar que a franquia BioShock segue seu próprio rumo. Um novo jogo da série está em desenvolvimento pela 2K e Cloud Chamber, sem qualquer envolvimento de Ken Levine. Parece que o mestre, por ora, está totalmente dedicado a provar que a “velha guarda”, focada na história e imersão, ainda tem muito a oferecer no cenário dos jogos modernos.