Ah, a fadiga LEGO. Quem nunca sentiu o peso de mais um jogo onde tudo é quebrado em centenas de peças, para ser reconstruído e quebrado novamente? Era quase uma regra inquebrável, como o traje do Batman nos filmes (exceto quando não é). Mas parece que a TT Games, a mente por trás dessa avalanche de blocos, resolveu finalmente inovar. E a aposta? Nada menos que o Cavaleiro das Trevas em LEGO Batman: Legacy of the Dark Knight.
O que vimos na Gamescom 2025 não foi apenas uma refrescada na fórmula, como foi com LEGO Star Wars: The Skywalker Saga. Não, aqui estamos falando de algo que se propõe a ser uma fusão, um amálgama de todas as encarnações do Batman que você consegue imaginar – e algumas que talvez nem sequer tivesse cogitado. É como se pegassem todos os seus Batmans favoritos, os colocassem num liquidificador de plástico e dissessem: “Bebam, fãs!”
Uma Sinfonia de Batmans: Unindo Universos Paralelos (e um Pouco Confusos)
Imagine a cena: você está na Axis Chemicals, local que todo fã do filme de Michael Keaton de 1989 reconhece como o berço do Coringa. Mas em vez do mafioso Jack Napier, quem você encontra lá é o Capuz Vermelho #1, em uma clara homenagem a algumas das origens mais sombrias do Palhaço do Crime nas HQs. O mais irônico? A voz do Capuz é uma imitação “muito passável” (leia-se: descaradamente igual) à do Jack Nicholson. Ou seja, não é o Coringa de 89, mas também não deixa de ser. É o tipo de paradoxo que só LEGO consegue entregar com essa naturalidade.
E quem o enfrenta? O Batman de Robert Pattinson, acompanhado por um Jim Gordon que parece ter saído diretamente da versão LEGO de Jeffrey Wright, ambos do filme The Batman (2022). É um banquete para os olhos e para a mente dos fãs, que verão diversas versões do Morcego e de sua galeria de vilões e aliados coexistindo em uma única narrativa. Segundo Jonathan Smith da TT Games, o jogo pretende “tecer elementos de todos os filmes do Batman com outras mídias em uma única história coerente”. Isso nos leva a uma pergunta intrigante: se o Coringa está em constante “fusão”, será que veremos uma transição gradual até a versão do Heath Ledger, talvez após alguns “acontecimentos terríveis” (e hilários) que o tornem “ainda mais sinistro”? A imaginação dos desenvolvedores parece não ter limites, e a nossa agradece.

Gameplay Que Não é Só de Quebrar e Construir
A maior surpresa, no entanto, pode estar no gameplay. Se você, como eu, achava que LEGO era sinônimo de “esmagar tudo e colecionar peças”, prepare-se para repensar. Legacy of the Dark Knight se inspira descaradamente (e com muito carinho) na aclamada série Arkham. Sim, estamos falando de derrubadas furtivas em inimigos LEGO desavisados e combate baseado em tempo, digno de um verdadeiro Cavaleiro das Trevas. É uma versão simplificada, claro – as janelas de tempo são mais generosas, os indicadores visuais maiores, e você só terá dois gadgets em combate. Mas a essência está lá, e é um deleite para quem sempre sonhou em um Batman de blocos que não se limitasse a socar capangas de forma repetitiva.
Pela primeira vez em um jogo LEGO que se tem notícia (ou pelo menos que este redator consegue se lembrar sem consultar a Wikipédia), teremos níveis de dificuldade. Isso significa que tanto os jogadores mais jovens, que só querem “THWACK” e “POW” como o Batman, quanto os veteranos da série Arkham, que anseiam por mais inimigos e um número limitado de vidas, encontrarão seu desafio. É uma evolução bem-vinda que mostra que a TT Games está, de fato, ouvindo os jogadores.
Gotham City: O Playground do Morcego
E a Gotham City? É um mundo aberto, vasta e pronta para ser explorada. Você pode interromper crimes aleatórios (sempre bom para manter a cidade em ordem, mesmo que seja feita de plástico), encontrar caches secretas do Batman, esmagar colecionáveis como patinhos de borracha do Pinguim (sim, você leu certo) e, claro, planar pelos telhados ou usar seu tirolesa para ganhar impulso e saltar ainda mais alto, obtendo uma vista panorâmica de Gotham. Se a rua é mais a sua praia, basta invocar um Batmóvel em qualquer lugar do mapa. No demo, vimos apenas o “muscle car” de Robert Pattinson, mas a TT Games já prometeu que muitos outros Batmóveis estarão disponíveis, personalizáveis como os trajes do Batman e do Gordon.

Easter Eggs e Fan Service: Uma Ode aos Nerds
Esqueça a rotina de colecionar duzentos bonequinhos idênticos que não mudam nada na jogabilidade. Aqui, o foco são os estilos de personagens, com direito a “deep-cuts” para Batman e Comissário Gordon. Além dos visuais icônicos dos filmes, você poderá desbloquear desde o “Batman: The Brave and the Bold” (com o traje do desenho de 2008, que é simplesmente espetacular em LEGO) até as primeiras aparições dos personagens nos quadrinhos, com direito a orelhas do Batman que parecem ter sido feitas em um dia de preguiça e o bigode ralo de Gordon.
Mas o ápice do fan service? O Traje Arco-Íris do Batman. Sim, aquela relíquia da Era de Prata dos quadrinhos, que se tornou um ícone do “camp” e da auto-ironia do personagem, foi totalmente renderizada em LEGO. É um detalhe que mostra o carinho e o conhecimento da TT Games pela mitologia do Cavaleiro das Trevas, e um piscar de olhos para os fãs mais antigos e excêntricos.
A Reconstrução do Herói de Blocos
Confesso, eu não sabia o que esperar da TT Games depois de The Skywalker Saga. A fadiga LEGO era real e palpável. Mas LEGO Batman: Legacy of the Dark Knight surge como uma surpresa agradável, prometendo não ser apenas mais um jogo da franquia, mas uma reinvenção. É como se, ao terminar de montar um conjunto LEGO, você decidisse desmontá-lo não para seguir um manual, mas para criar algo totalmente novo com as peças. A TT Games parece estar fazendo exatamente isso com o universo do Batman, e a perspectiva de ver o que eles construirão a partir dessa fusão de lendas é, para dizer o mínimo, empolgante. Preparem-se, fãs do Morcego, pois o legado parece estar em boas mãos de plástico.