NamiNetsu Quebra o Silêncio: Um Apelo Urgente Contra o Bullying na Twitch

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O universo das transmissões ao vivo, embora vibrante e cheio de possibilidades, esconde um lado sombrio: a escalada da toxicidade e do bullying. Recentemente, a renomada streamer Julia “NamiNetsu” Zharina, da Paragon Studio, veio a público compartilhar sua exaustão e tristeza diante das constantes agressões e assédio que sofre em suas lives na Twitch. Sua fala, carregada de emoção e reflexão, ecoa um problema que transcende a tela e atinge a essência da interação humana no ambiente digital.

A Normalização da Crueldade: Um Grito de Alerta

NamiNetsu não escondeu a dor que sentiu, mas ressaltou que o mais chocante não são as ofensas em si, e sim a forma como a crueldade online tem sido normalizada. “Eu não quero me acostumar com a crueldade. Mesmo que seja `apenas a internet`”, desabafou. Com o aumento de novos espectadores nas suas transmissões, vieram também os comentários maldosos: críticas gratuitas à maquiagem, à imagem, ao desempenho nos jogos, e até mesmo insultos vazios como “você é sem talento e lixo” ou “por que essa OnlyFans de baixo nível tem 500 online?”. O repertório básico do ódio digital.

A streamer, acostumada com a presença de haters – uma “parte inseparável da vida de figuras públicas na mídia”, como ela mesma descreve –, teve um choque de realidade ao questionar um de seus agressores. A pergunta simples: “Por que você está escrevendo tudo isso? Por que você está aqui se não gosta de mim?”. A resposta, que perfurou mais fundo que qualquer xingamento, foi glacial em sua indiferença: “Quero capturar emoções. Só estou interessado em ver a reação.”

“E isso realmente me atingiu. Não o insulto em si, mas o quão calmamente ele disse. Ele não sentia vergonha. Ele até se divertia. Eu chorei não por palavras específicas. Mas porque fiquei com medo. Medo de que ser cruel seja tão fácil quanto beber um copo d`água. E o sofrimento alheio é apenas um entretenimento. O que aconteceu conosco? Quando paramos de ver a pessoa do outro lado da tela, e não um brinquedo?”

O Mito da “Parte da Profissão”: Uma Reflexão Necessária

É comum ouvir que aguentar o assédio é “parte da profissão” de um streamer. NamiNetsu contesta veementemente essa falácia. “Não. Parte da profissão é criar conteúdo, compartilhar, comunicar, estar conectado”, ela argumenta. “Não é tolerar violência, bullying e humilhação verbal de pessoas que estão simplesmente entediadas.” A lógica é tão clara quanto dolorosa: comparar a agressão online a abordar alguém na rua, bater e esperar uma “reação engraçada”. Ninguém, em sã consciência, desejaria tal interação na vida real. Por que, então, a tela deveria ser um escudo para a barbárie?

O que leva alguém a sentir prazer em infligir dor? NamiNetsu não entende, e a pergunta ressoa: é isso considerado adequado? Para ela, não é “cultura” ou “mentalidade”; é, sem rodeios, degradação. E o pior: essa normalização é perpetuada por pessoas comuns, aquelas que andam entre nós. Será que a busca por “engajamento” via tormento alheio virou o novo esporte olímpico digital? Parece que a ética foi ao limbo em prol de curtidas e visualizações.

Humanidade em Jogo: Um Apelo à Consciência

Streamers, influenciadores, artistas digitais – são, acima de tudo, seres humanos. Possuem famílias, amigos, trabalhos, hobbies e, sim, alma. São pessoas vivas, com dias bons e ruins, sujeitas à dor e à vulnerabilidade, assim como qualquer um de nós. NamiNetsu não busca pena ou apoio. Ela busca, acima de tudo, conscientização.

O que dói mais não são os ataques em si, mas a insistência de alguns em defender que o bullying na internet é normal, aceitável. Que é “apenas a internet” e que a vítima deveria “simplesmente não reagir”. Essa indiferença é, em si, uma forma de violência. Há um prazer perverso em machucar aqueles que não fizeram mal algum. “Não somos animais, afinal”, lembra a streamer, em um tom que mistura desilusão e esperança.

Se você, leitor, já se pegou escrevendo algo maldoso na internet apenas por diversão, NamiNetsu faz um convite. Que por um segundo, ao ler este texto, você recorde que atrás da tela, mesmo do streamer mais bonito, engraçado ou confiante, pode haver uma pessoa que teve um dia difícil, que sente dor, que não é feita de ferro. Talvez, amanhã, a escolha seja diferente. Uma escolha mais humana.

Pois, como ela conclui, em uma reflexão direta e incisiva: “Se você é uma pessoa má na internet, você é exatamente o mesmo na vida real, apenas esconde isso para não ser agredido ou não ser excluído.” É um lembrete crucial de que a empatia não deve ser um recurso esgotável ao cruzar o limiar da conexão digital.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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