O lançamento do Nintendo Switch 2 foi, sem dúvida, um dos eventos mais aguardados do ano no universo dos games. Milhões de unidades vendidas em tempo recorde atestam o sucesso da nova aposta da gigante japonesa. Contudo, em meio à euforia, uma sombra começa a pairar sobre o futuro financeiro do console: a possibilidade de um aumento de preço significativo já em 2026. E, para variar, a culpa não é do encanador bigodudo ou de algum monstrinho de bolso, mas sim de fatores macroeconômicos bem terrenos.
Um Efeito Dominó no Mercado de Consoles
A recente decisão da Sony de elevar o preço do PlayStation 5 nos EUA serviu como um presságio. Agora, o analista Daniel Ahmad, uma voz respeitada no setor, aponta o dedo para a Nintendo. Segundo Ahmad, a empresa já considerou um aumento para o Switch 2 no início deste ano, quando as tarifas sobre produtos do Vietnã – onde parte dos consoles é fabricada – estavam em 10%. Hoje, essa taxa dobrou para 20%, e isso, como ele mesmo enfatiza, “definitivamente impacta o lucro da Nintendo”.
Embora a Nintendo possa resistir a um reajuste imediato, o analista prevê que a situação pode mudar em 2026, logo após a movimentada temporada de compras de fim de ano. Curiosamente, a própria Nintendo já havia acenado com essa possibilidade. Ao aumentar os preços do Switch original, a empresa declarou que “ajustes de preço podem ser necessários no futuro” para o Switch 2. Uma declaração que, em retrospectiva, soa mais como um aviso do que como uma mera especulação.
Sucesso de Lançamento e o Próximo Grande Teste
Apesar de ter chegado ao mercado com um preço inicial mais elevado (US$ 450 para o console ou US$ 500 em um pacote com Mario Kart World), o Switch 2 demonstrou uma força impressionante. Mais de 6 milhões de unidades foram vendidas desde seu lançamento em junho, e a empresa ainda mantém a projeção de comercializar 15 milhões de consoles até março de 2026. Parece que a carteira dos entusiastas estava mais do que pronta para desembolsar o necessário pelo novo brinquedo, talvez já precificando uma possível escassez ou valorização futura.
Mas, de acordo com o analista Mat Piscatella, o verdadeiro teste ainda está por vir. “O público entusiasta certamente compareceu no primeiro dia. Agora precisamos ver se eles conseguirão fazer a transição para o comprador de presentes do mercado de massa. Esse é o próximo teste”, explicou Piscatella. A temporada de férias de 2025 será o termômetro para saber se o Switch 2 pode transcender sua base de fãs mais dedicada e conquistar o consumidor casual, que é notoriamente mais sensível a variações de preço.
A Encrenca das Tarifas: Política e Produção Global
Uma parte da explicação para os custos flutuantes reside nas políticas tarifárias. Algumas das primeiras unidades do Switch 2 que chegaram ao mercado não foram impactadas pelos aumentos recentes, pois a Nintendo agiu rápido, importando e estocando o máximo possível antes que as taxas subissem. O pano de fundo dessa história são as tarifas impostas para incentivar as empresas americanas a produzir mais em solo nacional. Uma iniciativa nobre, talvez, mas que esbarra na complexa realidade das cadeias de suprimentos globais.
A Nintendo, por exemplo, já afirmou que a montagem de consoles Switch nos EUA não é uma opção viável no curto prazo, ou talvez nunca seja. É uma tarefa hercúlea, para dizer o mínimo, realocar uma infraestrutura de produção tão massiva e especializada, que demandaria anos e investimentos bilionários. Para adicionar uma camada extra de drama, as próprias tarifas estão atualmente no centro de múltiplas ações judiciais, que questionam a autoridade de certos governantes para impô-las dessa maneira. Uma ironia, talvez, dado que a burocracia governamental se torna um obstáculo para a indústria, que, por sua vez, repassa os custos ao consumidor final.
O Que Esperar?
A incerteza paira no ar. Enquanto o Nintendo Switch 2 segue vendendo como pão quente, os olhos do mercado estão voltados para 2026. A Nintendo se verá em um dilema: absorver os custos crescentes e impactar suas margens de lucro, ou repassar o aumento aos consumidores, arriscando frear o ímpeto de vendas na transição para o mercado de massa? Os gamers, por sua vez, devem ficar atentos. Afinal, no mundo dos videogames, a única coisa mais imprevisível do que um chefão final é a política de preços das grandes empresas, especialmente quando a economia global entra em jogo.