A NVIDIA, empresa conhecida por seus chips gráficos que outrora faziam a alegria de gamers e profissionais de design, acaba de reescrever a história do mercado financeiro. Na noite de 9 de julho de 2024, ao fechar os pregões na bolsa de valores, o valor de mercado da companhia disparou, cruzando pela primeira vez a impressionante e simbólica marca de US$ 4 trilhões.
Este feito não é apenas um número redondo ou mais um dia na montanha-russa das ações. É um sinal claro de uma mudança de guarda no panteão das maiores corporações do mundo. A NVIDIA não só se juntou ao seleto clube das empresas de “trilhão de dólares” – que por muito tempo pareceu ser o ápice da grandeza corporativa – como agora lidera, deixando para trás titãs estabelecidos da tecnologia que por anos dominaram o topo. A Apple, por exemplo, ostenta uma capitalização de cerca de US$ 3,9 trilhões, embora tenha visto seu valor flutuar e até mesmo sofrer uma leve baixa nos últimos meses. A Microsoft, outro gigante com produtos e serviços onipresentes, acompanha com respeitáveis US$ 3,77 trilhões. A NVIDIA, de repente, não é mais apenas um player de nicho; é a líder do pelotão, no que diz respeito ao termômetro financeiro.
A ascensão meteórica da NVIDIA, especialmente notável neste ano de 2024 (um crescimento percentual que já supera os 20%, corrigindo qualquer confusão com projeções futuras), é impulsionada por um motor inegável: a revolução da Inteligência Artificial. Enquanto muitos discutem os algoritmos, os modelos de linguagem e as aplicações finais da IA, a NVIDIA discretamente (ou nem tão discretamente assim) se posicionou como a fornecedora essencial do “ouro” desta nova era digital: seus chips, em particular as Unidades de Processamento Gráfico (GPUs) e os sistemas otimizados para cargas de trabalho de data centers e redes neurais. A demanda por essa infraestrutura subjacente tem sido insaciável, e a NVIDIA tem sido a principal beneficiária.
Os resultados financeiros recentes da empresa pintam um quadro que valida essa narrativa. Em seus relatórios mais recentes (deixando de lado menções a trimestres futuros que não se aplicam ao momento da notícia), a NVIDIA registrou receitas maciças, ultrapassando a casa dos US$ 44 bilhões em um único período, um salto espetacular de quase 70% em relação ao ano anterior. Esse desempenho turbinado não é fruto do acaso; é a consequência direta de sua dominância no mercado de hardware para IA. Cada chatbot que responde, cada imagem gerada, cada análise de dados complexa em larga escala provavelmente passa por algum chip da NVIDIA.
Por anos, a Apple reinou suprema com seus iPhones, Macs e ecossistema fechado, seguida de perto pela Microsoft com seu Windows, Office e serviços em nuvem. Eram as “donas” da tecnologia, controlando a interface com o usuário e os sistemas operacionais que definem a computação pessoal e corporativa. Agora, quem dita o ritmo, pelo menos na métrica da capitalização de mercado, é a empresa que vende o “motor” por trás de tudo isso que parece tão mágico. É uma lição interessante sobre onde reside o poder na era digital: não apenas na ponta do usuário ou nos aplicativos, mas na infraestrutura bruta e na capacidade de processamento que tornam toda essa inovação possível.
Atingir US$ 4 trilhões é mais do que um marco financeiro; é a coroação da NVIDIA como a rainha incontestável da corrida pela Inteligência Artificial, pelo menos por enquanto. Resta saber se essa valorização meteórica se sustentará, se é apenas o pico de um ciclo de hype, ou se a empresa continuará a expandir sua dominância para justificar um valor ainda maior. De qualquer forma, o dia 9 de julho de 2024 ficará marcado na história como o dia em que a era dos “trilhões de dólares” ganhou um novo líder, forjado nos data centers do mundo e alimentado pelos algoritmos que estão, lenta ou rapidamente, mudando a forma como vivemos e trabalhamos.