O Desabafo de Boolk: As Entrelinhas da Eliminação da BetBoom Team no Riyadh Masters 2025

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A cortina caiu para a BetBoom Team no palco do Riyadh Masters 2025, e com ela, as palavras francas do seu técnico de Dota 2, Anatoly “Boolk” Ivanov. Longe de clichês de derrota, Boolk ofereceu uma análise detalhada e, por vezes, surpreendentemente autocrítica sobre o desempenho de sua equipe e os desafios enfrentados no torneio. Prepare-se para mergulhar nas minúcias táticas e psicológicas que culminaram na eliminação do time.

O Primeiro Revés: Uma Queda Inesperada e um Roshan Roubado

A série contra a Tundra Esports, nas quartas de final, começou com um baque. A primeira partida, que se mostrou decisiva para o moral da equipe, viu a BetBoom Team perder o controle do jogo de forma atípica. Boolk não se esquivou de apontar as falhas:

“Perdemo-nos no mapa. Não tínhamos muita experiência com a Broodmother, e a luta crucial pelo Roshan, após a qual simplesmente paramos de jogar `Dota`. Foi isso que deu errado <…>. Depois [do Aegis roubado], paramos de jogar `Dota`, então, creio, [este episódio] quebrou um pouco a minha equipe.”

É quase poético como um único item, o Aegis, pode não apenas mudar o curso de uma partida, mas aparentemente, a fibra moral de uma equipe inteira. A menção à Broodmother sugere uma falha na adaptação ou execução de uma estratégia específica, algo que em alto nível pode custar caro. Sobre a inusitada troca de rotas (lane swap), Boolk explicou que foi uma resposta tática à Tundra, buscando manter a vantagem de draft previamente planejada.

Entre Mapas: Conversas Francas e a Pressão do Histórico

Com um placar desfavorável, o intervalo entre as partidas se tornou um momento crucial para a BetBoom Team. Boolk revelou que a discussão não foi sobre o “porquê” da derrota, mas sim sobre o “como” seguir em frente, focando na seleção de heróis para a próxima rodada.

“Entendíamos perfeitamente o motivo da derrota. Discutimos mais sobre quais heróis pegaríamos a seguir no primeiro pick e com o que não jogaríamos. E, no geral, já perdemos muitos torneios ganhando a primeira partida, mas perdendo as duas seguintes. Então – nada de especial. Tínhamos apenas que continuar jogando `Dota`. Discutimos isso e sentamos, entramos na segunda partida.”

A honestidade de Boolk aqui é palpável. O histórico de vitórias na primeira partida seguidas por derrotas subsequentes adiciona uma camada de pressão psicológica, transformando cada vitória inicial em um lembrete do desafio de fechar a série.

A Pausa Estratégica: Aliada ou Vilã?

Um ponto de discussão interessante levantado pelo técnico foi o impacto do longo intervalo de uma semana entre as fases do torneio. Para a BetBoom Team, essa pausa parece ter sido uma faca de dois gumes, com o lado afiado virado contra eles.

“[A mudança de estilo de jogo e drafts] está relacionada com o intervalo de uma semana. Por causa dele, as equipes que chegaram em boa forma tiveram tempo para perdê-la, e outras, que chegaram em má forma, para recuperá-la. Mas é apenas `Dota`, todos em condições iguais.”

“Isso está ligado ao fato de que, geralmente, após a fase de grupos, as pessoas, tendo um intervalo tão longo, são capazes de se preparar para todos os seus heróis, tendo muitas respostas para isso. Por sua vez, é preciso também tentar mudar os seus drafts.”

“[Você acha que este intervalo não nos beneficiou?] Bem, conhecendo a especificidade das pessoas na equipe, sim.”

A ironia aqui é sutil. Embora teoricamente todos tivessem “condições iguais”, a verdade é que o tempo extra de preparação beneficiou mais as equipes que precisavam se adaptar à BetBoom, do que a BetBoom a si mesma. Boolk, com sua percepção aguçada dos jogadores, admite que para sua equipe, a pausa foi, de fato, prejudicial. Uma crítica que, embora técnica, soa como um lamento sobre o tempo perdido ou mal aproveitado na adaptação do próprio time.

A Predileção por “Loucuras”: Vantagem ou Calcanhar de Aquiles?

A BetBoom Team é conhecida por um estilo de jogo agressivo e, por vezes, imprudente – as famosas “brigas de fonte” e outras ações de alto risco. Questionado se isso é uma vantagem ou desvantagem, Boolk respondeu com uma franqueza que beira o sarcasmo:

“Como podem ver, pelo terceiro ano consecutivo somos eliminados do torneio por coisas bastante loucas, então tirem as vossas próprias conclusões.”

Uma observação que, apesar de curta, é carregada de peso. A repetição do padrão sugere que o “estilo louco” da BetBoom, embora emocionante para os espectadores, pode ser o seu próprio carrasco em momentos cruciais. É um paradoxo: a mesma audácia que os impulsiona pode ser a que os derruba. A “loucura” se torna, então, menos uma virtude e mais uma característica a ser domada ou, quem sabe, completamente reavaliada.

Conclusão: Um Olhar para o Futuro Pós-Riyadh

A eliminação da BetBoom Team nas quartas de final do Riyadh Masters 2025, com um placar de 1:2 contra a Tundra Esports, resultou em um 5º-8º lugar e um prêmio de US$ 125 mil. Mais do que os números, as palavras de Boolk pintam um quadro de uma equipe em constante evolução, lidando com o peso da expectativa, a complexidade tática e a dura realidade da competição de elite.

A análise de Boolk é um lembrete de que o Dota 2 de alto nível não se resume apenas a clics e habilidades, mas também a psicologia, adaptação e autoconhecimento. Resta saber se a BetBoom Team conseguirá transformar essas “coisas loucas” em uma estratégia mais consistente para os próximos desafios.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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