O cenário competitivo de Dota 2 vive de contrastes e personalidades. Recentemente, Neta “33” Shapira, o astuto offlaner da Tundra Esports, ofereceu uma perspectiva fascinante sobre a arte da offlane, comparando seu próprio estilo de jogo com o de Magomed “Collapse” Khalilov, da formidável Team Spirit. Suas reflexões, compartilhadas em uma entrevista durante o Clavision DOTA2 Masters 2025: Snow-Ruyi, revelam não apenas diferenças individuais, mas filosofias estratégicas que moldam o topo do esporte.
Para 33, a distinção entre ele e Collapse é cristalina e fundamental. Enquanto Collapse é a personificação do espetáculo, o jogador que busca o “grande momento”, 33 prefere a vitória metódica e inabalável. Collapse, segundo a análise de 33, gravita em torno de heróis iniciadores com habilidades de teletransporte (blink), que permitem engajamentos explosivos e ultimates de impacto devastador. Ele é o arquiteto de jogadas que viram memes e viram o jogo de cabeça para baixo.
“Acho que somos jogadores completamente diferentes. Ele joga em muitos estilos, mas historicamente prefere iniciadores com blinks, menos auras. Ele gosta de confrontos, ultimates poderosos, grandes momentos.”
Em contraste, 33 se define como um estrategista da consistência. Sua abordagem visa a vitória de maneira mais estável, minimizando riscos e maximizando a probabilidade de sucesso, mesmo quando a execução não é perfeita. É a filosofia do “ganhar feio, mas ganhar”, onde a estabilidade tática supera a dependência de um único momento de brilho. É o reconhecimento de que, no calor da batalha, a resiliência vale ouro.
“Eu geralmente gosto de vencer de uma forma mais estável. Mesmo que não dê certo, mesmo que você erre habilidades, você ainda vai vencer. Acho que quando alguém tenta jogar como Collapse, mas não tem a mesma habilidade, na maioria dos casos parece patético.”
E aqui reside uma das passagens mais perspicazes e, talvez, um tanto irônicas da entrevista. A observação de 33 sobre aspirantes a Collapse é um lembrete duro da realidade do alto nível do Dota 2: a execução impecável de um estilo de alto risco exige um talento excepcional. Tentar emular a agressividade e o brilho de um jogador como Collapse sem possuir a maestria necessária pode levar a resultados desastrosos, evidenciando a diferença entre inspiração e mera imitação desqualificada. É uma lição valiosa para qualquer aspirante a pro-player: é melhor ser um 33 autêntico e vitorioso do que uma imitação desajeitada de um Collapse.
Além da autoanálise, 33 também compartilhou suas previsões para o tão aguardado The International 2025. Para ele, a Team Spirit é o “favorito incontestável”. Apesar da incógnita sobre a forma exata da equipe após um mês de pausa entre a Esports World Cup 2025 e o TI, 33 destaca a notável capacidade da Team Spirit de se sobressair em torneios com formato suíço, uma característica que os manteve no topo durante todo o ano, muitas vezes garantindo vitórias de 3-0 nas fases iniciais.
Naturalmente, outras equipes foram mencionadas como potenciais desafiantes. Team Liquid, caso consiga recuperar sua forma ideal, e Team Falcons, são vistos como competidores de peso que podem surpreender. No entanto, a aura da Team Spirit paira sobre as previsões como a equipe a ser batida.
O Clavision DOTA2 Masters 2025: Snow-Ruyi, que serviu de palco para essas reveladoras discussões, ocorreu de 28 de julho a 3 de agosto em Zhangjiakou, China, com um prêmio total de US$ 700 mil. A Tundra Esports, de 33, demonstrou sua força ao alcançar o segundo lugar, sendo superada apenas pela Team Tidebound na grande final, em uma série disputadíssima que terminou em 3 a 2. Esse resultado reforça a qualidade e a relevância de 33 e sua equipe no cenário global do Dota 2, preparando o terreno para as emoções do The International 2025.
