O Grito das Rodinhas: Por Que Os Jogos de Skate Estão De Volta e Prontos Para Arrasar?

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Se você é como eu, provavelmente passou a última década se perguntando: “Onde foram parar os jogos de skate?”. Aquela febre dos anos 2000, onde manobras irrealistas e trilhas sonoras marcantes dominavam as telas, parecia ter virado fumaça. Mas segurem suas pranchas (virtuais ou não), porque o cheiro de uretano queimado está de volta no ar. Os jogos de skate estão vivendo um renascimento, e a pergunta que fica é: será que eles vieram para ficar ou é apenas mais um truque passageiro?

Da Época de Ouro ao Silêncio Estranho

Lá nos anos 90 e 2000, títulos como Tony Hawk`s Pro Skater e Skate da EA eram reis absolutos. Eles nos permitiam realizar flips impossíveis, grinds intermináveis e, o mais importante, sentir a adrenalina do esporte sem quebrar um único osso. Mas, com a evolução da indústria e a busca por gráficos fotorrealistas e narrativas complexas, o gênero foi perdendo fôlego. O skate, que já foi protagonista, virou coadjuvante, e a lacuna deixada foi sentida por uma legião de fãs.

A Nova Onda: Indie, AA e o Retorno dos Gigantes

Recentemente, a paisagem mudou. De repente, os jogos de skate estão brotando como cogumelos depois da chuva. Temos o retorno triunfal de dois pesos-pesados que definiram gerações:

  • O aclamado remake de Tony Hawk`s Pro Skater, que provou que a nostalgia bem-feita tem um poder imenso.
  • O aguardado Skate da EA, que chegou em acesso antecipado, prometendo reviver a série com um modelo de serviço ao vivo e, pasmem, gratuito para jogar. Uma aposta ousada, considerando o passado, mas que já mostra números impressionantes.

Mas não são só os grandes nomes. O que realmente mostra a força dessa volta é a quantidade e diversidade de títulos independentes e de médio porte. Pense em jogos como:

  • Driftwood, um jogo relaxante onde uma preguiça manda ver no longboard por montanhas deslumbrantes. Uma experiência que me fez lembrar a sensação do vento no cabelo e a casualidade de deslizar pela cidade.
  • Simuladores rigorosos como Session: Skating Sim e SkaterXL, que buscam replicar a física e a complexidade do skate real.
  • Títulos com estilo único e muita atitude, como SkateBird (sim, um pássaro de skate!) e Bomb Rush Cyberfunk, que trouxe de volta a energia vibrante dos clássicos de Tóquio.
  • E a série OlliOlli, que cresceu em escopo e estilo a cada lançamento, mostrando que o 2D ainda tem muito a oferecer.

É uma prova de que há espaço para todos os gostos, desde a simulação hardcore até a fantasia mais despretensiosa.

Uma preguiça de longboard descendo uma montanha em Driftwood.
Em Driftwood, uma preguiça encontra a paz (e a velocidade) nas montanhas.

Por Que Agora? As Engrenagens Por Trás do Renascimento

Então, por que exatamente estamos testemunhando essa explosão agora, em 2025? Existem algumas teorias que se entrelaçam:

A Nostalgia como Combustível

Jason Mann, um dos desenvolvedores de Driftwood, tem uma resposta simples e irônica: “Se eu tivesse que chutar, provavelmente é porque as pessoas que cresceram com as séries Skate e Tony Hawk estão ficando velhas o suficiente para fazer seus próprios jogos, ou pelo menos têm uma influência maior nos gastos do consumidor.” E ele não está errado. Aqueles que gastavam horas no PlayStation 1 ou Xbox 360 agora estão no mercado de trabalho, alguns até na indústria de games, prontos para resgatar as memórias que os fizeram sonhar. É um ciclo natural onde a nostalgia não é só um sentimento, mas um motor econômico.

Um Refúgio em Tempos Turbulentos

O cinismo que habita em mim (e talvez em muitos) me leva a outra reflexão: a indústria de jogos tem enfrentado demissões e cancelamentos em massa. Em um cenário tão incerto, buscar o que “funciona” é uma estratégia natural. Reanimar propriedades intelectuais amadas com um histórico comprovado de sucesso parece um porto seguro. O novo Skate, com seu modelo de “serviço ao vivo”, pode ser visto como uma tentativa de adaptar uma fórmula vencedora aos modelos de monetização atuais, ainda que com certa apreensão por parte do público.

A Chama Inextinguível da Cultura Skate

Jeffrey Spicer, produtor na crea-ture Studios (responsável por Session), argumenta que o ressurgimento reflete os altos e baixos da popularidade do skate na vida real. No entanto, ele enfatiza que “sempre há um grupo central de indivíduos que deseja um jogo que lhes permita a liberdade e expressão apresentadas no skate da vida real.” O skate, como cultura, nunca desapareceu de verdade, e essa base de fãs fiel continuou clamando por jogos que honrassem o espírito do esporte.

O Skate Invadindo Outros Mundos

Outro fenômeno interessante é a aparição de mecânicas de skate em lugares inesperados. Quem diria que veríamos habilidades de skate em jogos como Thirsty Suitors (2023), Sword of the Sea (que lembra mais surf, mas aceitamos!) e até mesmo no GOTY do GameSpot do ano passado, Metaphor: ReFantazio? É como a vida imitando a arte: se eu ganhasse um centavo toda vez que um protagonista de RPG andasse em uma espada, eu teria dois centavos. Não é muito, mas é estranho que tenha acontecido duas vezes!

Protagonista de Metaphor: ReFantazio andando de skate em uma espada.
O protagonista de Metaphor: ReFantazio demonstrando que uma espada pode ter múltiplos usos.

Os Números Não Mentem: O Skate Está de Volta ao Topo

Mat Piscatella, diretor e analista sênior da empresa de pesquisa de mercado Circana, confirmou o “início fenomenal” do novo Skate da EA. O lançamento gratuito o colocou entre os 5 principais títulos em usuários ativos semanais na maioria das plataformas, lado a lado com gigantes como Fortnite e Grand Theft Auto. Para um nicho que esteve “sumido” por 15 anos, é um choque revigorante para o sistema.

Piscatella lembra que, em sua época na Activision, os jogos de Tony Hawk eram o que Call of Duty e Madden são hoje: lançamentos anuais com uma audiência leal. O desafio agora é transformar esses “pulsos” de interesse em um “ponto de ignição” que garanta a permanência do gênero. Será que o novo Skate tem o potencial para isso?

Qual o Próximo “Grind” do Gênero?

Os desenvolvedores com quem a Gamespot conversou estão otimistas. Eles sonham com mais jogos originais, modos história robustos e, quem sabe, um pouco mais de “garra” para o gênero. Não importa a forma que tome, o mais importante é manter “a tocha acesa para as futuras gerações encontrarem o skate”, como diz Spicer.

“Seja colocando novas crianças em seu primeiro skate ou fazendo com que velhos skatistas tirem a poeira de seus equipamentos, o skate é para todos.”

E é essa a beleza do momento. O renascimento dos jogos de skate não é apenas sobre reviver a nostalgia; é sobre celebrar uma cultura que abraça a liberdade, a criatividade e a resiliência. É sobre provar que, mesmo depois de anos nas sombras, o barulho das rodinhas na calçada ainda pode ecoar alto no mundo dos games. E, francamente, mal posso esperar para dar um “kickflip” nessa nova era.

Lucas Meireles

Lucas Meireles, 26 anos, atua como jornalista especializado em eSports no Recife. Focado principalmente na cobertura de Free Fire e Mobile Legends, ele se destaca por suas análises táticas e entrevistas com jogadores emergentes. Começou sua carreira em um blog pessoal e hoje é reconhecido por sua cobertura detalhada de torneios mobile.

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