Vitaliy “Papich” Tsal, uma figura proeminente e muitas vezes polarizadora no universo do streaming, recentemente compartilhou uma opinião que, no mínimo, levanta uma sobrancelha: ele, um criador de conteúdo digital de sucesso, simplesmente não assistiria a transmissões ao vivo, nem mesmo as suas, se fosse um jovem espectador. É uma declaração irônica, vinda de alguém cuja carreira e fama foram construídas precisamente sobre a atenção de milhões de espectadores digitais.
A Razão de um Desdém Inesperado
Em uma de suas transmissões pessoais, Papich foi direto ao ponto. Questionado se assistiria a si mesmo sendo um jovem entre 18 e 25 anos, a resposta foi categórica: não. E a razão, para ele, é simples: ele não se interessa por streams de ninguém. Para Papich, a atividade é equiparada a “perder tempo jogando algum jogo bobo”, como os populares “Vampire Survivors” ou “Zombie Survivor” — títulos que, em sua visão, não oferecem “desenvolvimento pessoal” algum.
“Eu não assisto ninguém. Se eu entro em streams, não é de forma regular, entende? Eu nunca assisto ninguém regularmente, então a pergunta é estranha. Eu não assistiria ninguém, em princípio. Simplesmente, em princípio, streams são um passatempo como jogar algum jogo bobo, sabe, tipo Zombie Survivor, Vampire Survivors. É um jogo completamente estúpido, sabe, puramente sem sentido. Ou seja, um jogo mesmo sem algum desenvolvimento pessoal, por assim dizer. Algum jogo multiplayer tipo Counter-Strike pode te desenvolver, por exemplo, de alguma forma, mas jogar todo tipo de jogo inútil — não sei para quê. Assistir streams é mais ou menos a mesma coisa. Se eu não tenho absolutamente nada para fazer, não vou me envolver com esse tipo de bobagem. Prefiro jogar algum jogo estúpido do que assistir ao stream de alguém.”
Ele faz um contraste interessante: enquanto um jogo multiplayer como Counter-Strike pode “desenvolver” alguém de alguma forma, passar horas assistindo a streams ou jogando títulos “inúteis” é, para ele, um passatempo sem propósito.
A Crítica Além do Stream: eSports na Mira
A crítica de Papich não para nos streams casuais. Anteriormente, ele já havia expressado seu espanto e até certo desdém pela popularidade das partidas profissionais de Dota 2. “Se interessar por Dota profissional, assistir a essa sujeira? Parece realmente uma doença”, ponderou, demonstrando uma aversão particular ao cenário competitivo que muitos fãs seguem religiosamente. Essa visão alinha-se à sua filosofia geral de que certas formas de entretenimento digital são, no fundo, uma perda de tempo.
O Paradoxo do Conteudista Cético
Aqui reside o cerne da ironia: um homem que construiu um império digital através da atenção passiva de milhares de pessoas, agora questiona abertamente o valor desse tipo de consumo. É quase como um chef renomado que confessa não gostar de cozinhar, ou um escritor que odeia ler. A declaração de Papich nos convida a uma reflexão sobre a natureza do entretenimento digital.
Será que estamos apenas “perdendo tempo” em frente às telas, ou há algo mais profundo no engajamento com criadores de conteúdo e com a cultura gamer? A perspectiva de Papich, embora mordaz, levanta uma questão válida sobre a “produtividade” do nosso tempo de tela. Enquanto alguns buscam relaxamento e comunidade, ele parece buscar um propósito ou desenvolvimento, mesmo nas formas mais triviais de lazer.
É fácil desconsiderar o streaming como mera distração, mas para muitos, ele é uma fonte de conexão, aprendizado e até inspiração. Papich, com sua persona única e comentários diretos, involuntariamente fornece isso aos seus próprios espectadores. O paradoxo é que, ao denunciar a futilidade, ele se torna parte dela, e sua própria crítica se transforma em conteúdo altamente engajador.
No fim das contas, a honestidade brutal de Papich – ou talvez sua aversão sincera ao que o tornou famoso – nos força a olhar para nossos próprios hábitos. Estaríamos nós, como ele sugere, engajados em um “passatempo sem sentido”, ou existe valor em simplesmente descontrair e se conectar com outros, mesmo que seja através de uma tela? A resposta, claro, é tão pessoal quanto a preferência de cada um por um tipo de jogo… ou stream.