Primeiras Impressões: ‘The Beginning After the End’ é o novo ‘Mushoku Tensei’?

Notícias sobre esportes » Primeiras Impressões: ‘The Beginning After the End’ é o novo ‘Mushoku Tensei’?

A temporada de animes de primavera trouxe para os fãs de isekai a aguardada adaptação do popular webtoon “The Beginning After the End” (O Começo Depois do Fim). A série animada também é conhecida pelo título alternativo “Saikyou no Ousama, Nidome no Jinsei wa Nani wo Suru?” (O Que o Rei Mais Forte Fará em Sua Segunda Vida?). Apesar de terem sido exibidos apenas alguns episódios iniciais, o anime já enfrenta uma enxurrada de críticas e notas baixas. Vamos investigar os motivos por trás das inevitáveis comparações com “Mushoku Tensei: Jobless Reincarnation” e entender o que tem gerado tanta insatisfação com “The Beginning After the End”.

Comecemos pela premissa. O protagonista neste novo isekai não era um Zé Ninguém em sua vida anterior, mas sim um líder respeitado e implacável. O Rei Grey habitava um mundo contemporâneo e tecnologicamente avançado, desprovido de magia convencional, mas onde existia o conceito de “ki” — uma energia vital utilizada para fortalecer corpo e armamentos.

A vida do herói chegou a um fim abrupto e misterioso, resultando em sua reencarnação no corpo de um bebê. Ao renascer em um mundo completamente diferente, o pequeno Arthur (o novo nome do ex-rei) decide começar a desenvolver suas habilidades desde cedo. Aqui, o “ki” é desconhecido, mas o poder da mana prevalece — uma força mágica dominada por uma fração mínima da população. Para sua sorte, seus pais, assim como ele, possuem essa rara afinidade.

Em narrativas isekai que se iniciam na infância do protagonista, os primeiros capítulos ou episódios tendem a seguir um padrão comum. O herói se frustra com sua nova condição de bebê, o corpo pequeno e a forma como os adultos o tratam com condescendência, ansiando por crescer rapidamente para alcançar autonomia e poder mágico.

E isso é parcialmente verdade. Se ao assistir ao primeiro episódio do anime ou ler os capítulos iniciais do webtoon você teve uma forte sensação de déjà vu, não foi imaginação. A semelhança com “Mushoku Tensei” é inegável, mas concentra-se principalmente no arco inicial. O protagonista reencarna, assimila o mundo e a magia antes mesmo de andar, demonstra um intelecto prodígio devorando livros e revelando seu gênio precoce — até aqui, as similaridades são flagrantes. Em seguida, ele se separa dos pais e embarca em uma jornada para reencontrá-los, que naturalmente se prolonga por anos — outro ponto em comum. E a sua companheira elfa de cabelos claros o protagonista de “The Beginning After the End” também encontra, embora seu nome seja Tessia, e não Sylphy.

No entanto, as comparações diretas com “Mushoku Tensei” praticamente cessam aqui. A personalidade do herói de “The Beginning After the End” diverge significativamente da de Rudeus. Arthur, em sua nova vida, é retratado como corajoso, determinado, responsável e íntegro — características que contrastam com a crueldade e frieza que marcaram o antigo rei. O afeto e a segurança de uma família amorosa amoleceram o coração do protagonista e lhe incutiram novos valores.

Ademais, Arthur não exibe o comportamento pervertido de Rudeus e não nutre fetiches por roupas íntimas alheias. Este aspecto, por si só, já confere um ponto positivo a “The Beginning After the End”. O desenrolar da trama neste novo anime diverge da história do reencarnado desempregado. Contudo, para quem conhece bem “Mushoku Tensei”, é quase inevitável encontrar paralelos em certos personagens e situações, o que também reflete a natureza muitas vezes previsível do próprio gênero isekai.

A tarefa de adaptar o aclamado webtoon “The Beginning After the End” foi atribuída ao estúdio A-CAT, conhecido por produções de baixo orçamento e recepção morna. Uma escolha questionável… E o primeiro episódio deste novo isekai rapidamente confirmou os receios.

Analisando o enredo na adaptação para anime, ele, embora simples, parece apressado e caótico na execução. Além disso, alguns momentos divergem do material original. Por exemplo, o anime incluiu uma cena dramática de resgate de Arthur, onde ele quase foi esmagado pelo teto após liberar sua energia. A cena culmina com o protagonista e seus pais chorando juntos. Tal momento não existe no webtoon nem na novel. Aparentemente, os produtores do anime buscaram intensificar o drama e inserir um pouco de ação forçada no episódio de estreia. O resultado? Pouco convincente.

Francamente, o primeiro episódio carece de atrativos. Por um lado, a sensação de familiaridade com “Mushoku Tensei” paira constantemente nos momentos iniciais; por outro, há um foco excessivo na representação de Arthur como um bebê, com cenas dele sujando fraldas ou aprendendo a engatinhar. Dá a impressão de que é preciso “aguentar” o começo para ver cenas mais interessantes com um Arthur mais velho. Isso é parcialmente verdade, mas a experiência geral não melhora drasticamente.

O segundo episódio apresenta uma trama ligeiramente mais envolvente que o primeiro, mas… a qualidade da animação é capaz de destruir qualquer expectativa. Prepare-se para chorar, mas não de emoção, e sim de frustração. Se fosse para definir a animação desta série em uma palavra, seria “slideshow”. Embora seja possível relevar a animação deficiente em cenas de diálogo ou de pouca importância, as sequências de ação são simplesmente intragáveis (a menos que você assista ao anime como mero barulho de fundo). Vemos o herói brandir uma espada — é um quadro estático e tremido; o inimigo ser arremessado — outro quadro tremido; e o herói aterrissar — um terceiro quadro. Não parece um slideshow? E essa é a tônica de todo o segundo episódio. Uma animação assim anula o propósito de assistir a um anime. Por que não simplesmente olhar as imagens estáticas no webtoon?

As diferenças entre o webtoon e o anime persistem no segundo episódio, e desta vez, algumas até fazem sentido. Durante um treinamento, Adam derruba o jovem Arthur, que cai no chão como um saco de batatas no webtoon; no anime, a criança é amparada por magia. Afinal, ele tem apenas quatro anos. Sim, ele é o protagonista e um ex-rei, mas no momento é uma criança, e uma luta contra ele não deveria ser tão intensa.

Outra alteração lógica envolve a magia da mãe de Arthur, descrita como rara. No webtoon, ela a utiliza abertamente para curar o marido na frente de bandidos. O anime modificou isso: o pai de Arthur instrui a esposa a não curá-lo ali para não expor sua habilidade, mas sim a fugir imediatamente. A série, em geral, trata a singularidade do poder dela com mais cautela. Esses são detalhes menores, claro, mas juntos influenciam sutilmente a percepção da história.

A adaptação do popular webtoon “The Beginning After the End” foi uma ideia promissora, mas sua execução demonstrou ser um grande tropeço. Com apenas dois episódios lançados, o anime obteve uma nota média de 5.6/10 no IMDb, refletindo a insatisfação do público. Dada a mediocridade da animação e a narrativa apressada, é muito mais gratificante buscar a história no webtoon. O anime falha não apenas em corresponder às expectativas dos fãs do material original, mas também em cativar novos espectadores.

A esperança de que os próximos episódios apresentem uma melhora significativa na qualidade visual e dinâmica é extremamente reduzida. E definitivamente não se deve esperar sequências de ação espetaculares comparáveis a animes como “Solo Leveling”. A decisão de assistir a este novo isekai, “The Beginning After the End”, cabe a cada um, mas é inegável que, comparado à adaptação animada, o webtoon se apresenta de forma muito mais digna. A situação chega a sugerir uma estratégia de marketing: criar um anime de baixa qualidade para, indiretamente, incentivar as pessoas a lerem o webtoon original.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

© Copyright 2025 Portal de notícias de esportes
Powered by WordPress | Mercury Theme