No final da fase de grupos da PGL Wallachia Season 4 de Dota 2, presenciamos uma grande surpresa: a Team Falcons não conseguiu avançar para os playoffs e foi eliminada do campeonato. O mais notável é que o obstáculo para a equipe de ATF foi o jovem elenco da Natus Vincere Junior. Em seu primeiro torneio de nível 1, o time conseguiu uma virada espetacular, passando de 0-2 em séries para 3-2 e garantindo uma vaga nos playoffs. Será que uma nova era realmente está chegando, mesmo que para a equipe júnior da organização?
As estratégias de draft da Natus Vincere Junior se destacam significativamente do que a maioria dos outros participantes do evento utilizam. O coletivo trouxe para o campeonato suas próprias composições bem elaboradas e com um propósito claro, que, na prática, demonstraram ser bastante eficazes.
No jogo contra a Falcons, poderíamos em parte atribuir o resultado à forma atual não ideal do elenco estelar. No entanto, o surpreendente é que a NAVI Junior superou o adversário não apenas nos drafts e na execução das jogadas, mas também no macro jogo. Veja um exemplo bastante interessante:
Aos 25 minutos, a Falcons se agrupa perto do segundo Tormentor e estabelece visão na área.
A NAVI Junior, percebendo isso através da armadilha da Templar Assassin, não entra em modo agressivo e corre para o inimigo. Em vez disso, eles aproveitam para tomar o controle de todo o mapa: derrubam duas torres T2 e posicionam sentinelas estrategicamente para o futuro Roshan. Com isso, eles conseguem visualizar tanto a movimentação inimiga sob fumaça quanto onde Skiter está farmando, permitindo que engajem em um confronto vantajoso e, na sequência, garantam a captura do segundo Roshan.
Também é digno de nota o excelente trabalho de sentinelas realizado por Zayac. Por exemplo, na primeira partida contra a Nigma, uma única sentinela posicionada por ele permitiu à equipe conseguir vários abates importantes e pegar o adversário desprevenido após a eliminação do Tormentor. Claro, também houve falhas por parte da Nigma em não detectar a sentinela, mas ainda assim, o mérito é da visão da NAVI Junior.
Na esmagadora maioria das partidas que a NAVI Junior venceu, eles estiveram em desvantagem em algum momento. Mesmo no confronto contra a Talon, uma equipe que passava por dificuldades, o time ficou atrás em ouro aos 15 minutos em ambos os mapas (e no segundo mapa, chegou a estar com quase 8 mil de desvantagem aos 19 minutos).
No entanto, o coletivo demonstra que no meio de jogo sabe como evitar conflitos desnecessários de forma bastante inteligente, preferindo realizar investidas focadas em objetivos específicos do jogo. O segundo mapa contra a Falcons é exemplar nesse aspecto. Nele, em 40 minutos, a partida teve apenas 18 abates no total. Isso é bastante atípico para equipes de nível 2, que costumam se envolver em lutas caóticas nas qualificatórias e frequentemente ultrapassam limites de abates.
A propósito, foi justamente após uma fase de rotas desfavorável que a NAVI Junior precisou buscar a recuperação no primeiro mapa. Isso foi facilitado por uma defesa coordenada da torre T2, algo que pegou a Falcons de surpresa.
E, na sequência, o confronto prolongado e tático pelo Roshan, que acabou selando a derrota da Falcons.
Certamente, a NAVI Junior não se tornou instantaneamente candidata ao título (ou sequer a um possível top 4) ou novas superestrelas. Embora a equipe tenha superado adversários fortes, todos os seus oponentes, sejamos honestos, não estavam em sua melhor fase. No entanto, fica evidente que o jovem elenco possui um potencial real, e o mais importante, entre todas as equipes de nível 2 que se destacaram e chegaram a campeonatos de ponta nesta temporada através das eliminatórias, a NAVI Junior exibiu o jogo mais estratégico e bem pensado.