Sonic Racing CrossWorlds: O Dilema da Velocidade Sem Identidade Própria

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O universo dos jogos de corrida de kart é vasto e competitivo, com gigantes que há décadas ditam as regras. No meio dessa pista superlotada, surge Sonic Racing CrossWorlds, o mais recente título da Sega, com a promessa de inovar. Contudo, as prévias e os testes iniciais revelam uma questão que tem incomodado críticos e fãs: será que o ouriço azul está com uma crise de identidade, ou pior, camuflado demais na sombra de seu principal concorrente?

A Promessa de um Mundo em Movimento: O Gimmick “CrossWorlds”

Agendado para setembro, Sonic Racing CrossWorlds coloca os jogadores em karts ou hoverboards numa corrida insana contra personagens icônicos da Sega – e alguns convidados ilustres, como Hatsune Miku e Ichiban Kasuga. A grande sacada do jogo, ou pelo menos o que a Sega esperava que fosse, é o sistema “CrossWorlds”. A cada corrida, com suas três voltas, a segunda volta é transportada para um mundo completamente diferente, escolhido de forma aleatória pelo piloto que estiver na liderança.

Essa mecânica é, sem dúvida, curiosa. Imagine começar em uma praia ensolarada e, em questão de segundos, ser teletransportado para uma metrópole futurista ou uma floresta mística. Com 24 pistas iniciais e 15 “outros mundos” para a transição, a variedade é um ponto forte aparente. O modo Grand Prix, por exemplo, leva essa ideia adiante, culminando em uma corrida final que mescla trechos das pistas anteriores. É uma aposta na imprevisibilidade e no dinamismo, algo que poderia realmente diferenciar o título.

Pistas de Sonic Racing CrossWorlds com diferentes ambientes e portais de teletransporte.

Com 24 pistas e 15 mundos para explorar, a corrida promete paisagens inusitadas e transições surpreendentes.

A Busca pela Diferenciação: Onde Está a Essência de Sonic?

Apesar da mecânica “CrossWorlds”, a essência que tornava os jogos de corrida anteriores do Sonic únicos parece ter se diluído. Títulos como Team Sonic Racing brilhavam pelo foco no trabalho em equipe e nas corridas de revezamento, enquanto Sonic Riders introduzia um sistema complexo de gerenciamento de combustível e habilidades de personagem. Essas características não só os distinguiam de Mario Kart, mas também elevavam o desafio e a profundidade estratégica.

Em CrossWorlds, a sensação é de que esses pilares foram deixados de lado em favor de uma abordagem mais… familiar. O jogo parece ter abraçado um modelo mais genérico de corrida de kart, onde coletar anéis para velocidade e itens para atrapalhar adversários são as principais interações. Não há um senso de “uau, isso só poderia ser um jogo do Sonic”. É uma pena, considerando o histórico de inovação da franquia, mesmo que nem sempre bem-sucedida.

Personagens de Sonic em karts coloridos, acelerando em uma pista.

Muitos ainda sentem falta da ousadia e das mecânicas únicas de títulos como Sonic Riders.

Personalização e Desafio: Brilhando ou Apagando?

Personagens e Estatísticas

Com um elenco diversificado que inclui personagens como Jet the Hawk, Amy Rose, Hatsune Miku e Ichiban Kasuga, cada um com suas próprias estatísticas, esperaríamos diferenças significativas na pilotagem. No entanto, os testes sugerem que essas variações são tão sutis que mal são perceptíveis. É como escolher entre diferentes sabores de água: pode ter um nome diferente, mas a experiência final é praticamente a mesma.

O Sistema de Placas (Kart Plate System)

Uma área com maior potencial de distinção é o sistema de placas de kart, que permite aos jogadores criar “loadouts” personalizados para alterar o comportamento do veículo. É possível configurar uma placa para começar a corrida com uma transformação de monster truck, facilitando o atropelamento inicial dos adversários, ou para facilitar a “cola” (drafting) e o roubo de anéis. Outras opções permitem giros poderosos durante o drift para impulsionar a velocidade.

Essas construções de placas são divertidas e extravagantes, adicionando um toque de caos à corrida. Contudo, a análise revela que, apesar da criatividade, elas não impactam drasticamente a estratégia de jogo. O jogador ainda precisa se ater aos fundamentos de qualquer corrida de kart: coletar anéis, usar itens, desviar de ataques e dominar as curvas. A personalização é uma camada de verniz brilhante, mas que, no fundo, não altera a estrutura da mobília.

O Desafio Inexistente

Um ponto crítico levantado nas prévias é a falta de desafio, mesmo nas dificuldades mais elevadas disponíveis. Vencer os competidores controlados pela IA tem sido uma tarefa demasiadamente fácil. A diversão de um jogo de corrida muitas vezes reside na necessidade de aprimorar suas habilidades e estratégias para superar obstáculos. Quando a vitória é garantida, a motivação para continuar jogando esvai-se rapidamente.

A Última Esperança: O Multijogador

Apesar das ressalvas, há uma luz no fim do túnel: a expectativa de que o verdadeiro brilho de Sonic Racing CrossWorlds surja no modo multijogador. Jogos de kart, por natureza, ganham uma dimensão totalmente nova quando disputados entre amigos. O caos, as brincadeiras e a imprevisibilidade das interações humanas muitas vezes ofuscam quaisquer falhas na jogabilidade solo ou na falta de identidade. Gritar com os amigos por um item roubado no último segundo é uma experiência que poucos jogos podem replicar, e é aí que a esperança repousa.

Até lá, a cautela é a palavra de ordem. Sonic Racing CrossWorlds será lançado para Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e Nintendo Switch em 25 de setembro, com uma versão para o Nintendo Switch 2 esperada para a temporada de festas de 2025. Resta torcer para que, na companhia dos amigos, o ouriço azul finalmente encontre seu caminho e mostre ao mundo que ainda tem muito a oferecer nas pistas, além de apenas velocidade.

Lucas Meireles

Lucas Meireles, 26 anos, atua como jornalista especializado em eSports no Recife. Focado principalmente na cobertura de Free Fire e Mobile Legends, ele se destaca por suas análises táticas e entrevistas com jogadores emergentes. Começou sua carreira em um blog pessoal e hoje é reconhecido por sua cobertura detalhada de torneios mobile.

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