Poucos nomes ressoam tanto no universo dos videogames quanto Tony Hawk`s Pro Skater. Uma franquia que definiu uma geração de jogadores e popularizou o skate de rua como poucos. Quase três décadas depois do seu impactante lançamento em 1999, a série retorna sob as asas da Iron Galaxy com Tony Hawk`s Pro Skater 3+4. A ansiedade era palpável. Seria possível replicar a magia, ou seria apenas mais uma tentativa nostálgica sem alma? Felizmente, a aterrissagem foi impecável.
A Essência do Skate Arcade Resgatada
A fórmula de Tony Hawk`s Pro Skater sempre foi uma dança entre o realismo do skate e a liberdade irrestrita do arcade, onde a física parecia mais uma sugestão do que uma regra. THPS 3+4 não só mantém essa tradição, como a aprimora. A jogabilidade é a mais afiada que a série já viu, com controles responsivos que transformam a execução de manobras complexas em uma experiência gratificante e fluida.
Originalmente, os primeiros jogos se pautavam em missões com um limite de tempo de dois minutos. Embora essa estrutura permaneça em THPS 3+4, a flexibilidade de estender esse período para até 60 minutos é uma adição bem-vinda – uma mudança de qualidade de vida que até os puristas de plantão podem aplaudir. A curva de aprendizado ainda existe, claro, mas uma vez que você pega o jeito, a sensação de deslizar, grindar e realizar flips impossíveis é inigualável. Poucos jogos capturam tão perfeitamente a adrenalina e a criatividade do skate, e ainda por cima te fazem sentir incrivelmente “cool” ao completar um combo épico.
Nostalgia e Inovação em Perfeita Harmonia
Os cenários são um espetáculo à parte e contribuem imensamente para a imersão. Mapas clássicos de THPS 3, como `Canada` e `Airport`, foram reimaginados com detalhes incríveis, evocando a mesma sensação de satisfação de antigamente. Mas o verdadeiro trunfo reside nos níveis inéditos: eles parecem ter sido resgatados de um baú de tesouros perdidos da própria Activision, encaixando-se perfeitamente no universo da série. É um testemunho do talento da Iron Galaxy a forma como todos esses ambientes se conectam de maneira coesa, criando uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e refrescante.
Entretanto, nem tudo é perfeito no paraíso do skate. A adaptação dos mapas de THPS 4, que originalmente foram projetados para serem mais abertos e com tarefas mais longas, pode deixar alguns fãs com a sensação de que algo foi “amputado”. A necessidade de encaixar essas missões no formato de dois minutos os faz parecer um pouco mais contidos e menos dinâmicos do que seus originais. É um detalhe que mal arranha a superfície da experiência geral, mas para quem esperava a mesma vastidão de THPS 4, pode gerar um leve sentimento agridoce.
Um Elenco de Lendas e Novatos
A prancha de personagens é tão variada quanto um flip trick bem executado. Além das presenças icônicas como o próprio Tony Hawk, Bam Margera e Steve Caballero, o jogo apresenta uma série de rostos novos e relevantes para o esporte. Nomes como Aori Nishimura, medalhista de ouro nos X Games, e Margielyn Didal, medalhista de ouro nos Jogos Asiáticos, se juntam ao elenco, celebrando tanto os pioneiros quanto as novas estrelas do skate. É uma ponte entre gerações, oferecendo um ponto de entrada familiar para fãs de skate de todas as idades.
O criador de personagens, embora um pouco limitado em sua base, compensa com uma vasta gama de opções de vestuário e acessórios desbloqueáveis. Para aqueles que sonham em criar seu próprio ícone do skate, há bastante profundidade para personalizar seu avatar.
A Manobra Final
Tony Hawk`s Pro Skater 3+4 se ergue sobre os alicerces sólidos de Pro Skater 1+2 e, ousamos dizer, talvez seja o melhor jogo de skate já criado. Ele mistura com maestria a nostalgia que nos faz revisitar os clássicos com o frescor de um conteúdo inédito, tudo amarrado pela melhor jogabilidade que a série já experimentou. Não é absolutamente impecável – as pequenas alterações nos níveis de THPS 4 podem frustrar alguns nostálgicos –, mas há tanto para amar e explorar que essas pequenas imperfeições se desvanecem diante do brilho de uma jogabilidade que nos lembra por que nos apaixonamos por essa série em primeiro lugar. É uma aula magna sobre como reviver uma lenda sem perder a alma, e uma manobra que a Iron Galaxy executou com precisão cirúrgica.