Trilhas sonoras bizarras no mundo dos games: De Korn em Silent Hill a técnicas dadaístas

A música nos videogames tem um papel fundamental, podendo transformar completamente a experiência do jogador. Entre as composições mais convencionais, existem algumas verdadeiramente peculiares – e são essas que vamos explorar hoje.

Em 2012, a série Silent Hill estava em uma fase complicada. Na tentativa de atrair um novo público, a Konami tomou uma decisão controversa para Downpour: substituiu o compositor Akira Yamaoka por Daniel Licht, e convidou Jonathan Davis do Korn para criar o tema principal. A reação foi tão negativa que houve até uma petição para remover a música, mas ela permaneceu no jogo. Com o tempo, alguns fãs passaram a apreciar como a composição de Davis se encaixava na narrativa.

O primeiro jogo de Yoko Taro, Drakengard, já demonstrava seu estilo único de narrativa psicologicamente intensa. Para a trilha sonora, o compositor Nobuyoshi Sano recebeu a tarefa de criar músicas que refletissem a loucura do protagonista. Sua abordagem foi incomum: gravou peças clássicas com uma orquestra, depois as fragmentou e remixou aleatoriamente usando técnicas dadaístas, antes de regravar o resultado final. O produto é verdadeiramente singular e eficaz em transmitir a insanidade.

Superbrothers: Sword & Sworcery EP é um jogo centrado na música, concebido em colaboração com o compositor Jim Guthrie. A parceria entre os desenvolvedores e Guthrie influenciou tanto o jogo quanto a trilha sonora, embora ambos sejam considerados obras independentes. O título é reconhecido como um dos primeiros jogos mobile com valor artístico, impactando significativamente a cena indie.

A história de Resident Evil inclui um capítulo curioso envolvendo Mamoru Samuragochi, conhecido como o “Beethoven japonês”. Ele compôs a nova trilha para o relançamento de Resident Evil: Director’s Cut, mas anos depois, descobriu-se que Samuragochi não era realmente surdo nem compositor – ele contratava outros para escrever suas músicas e até plagiava trabalhos menos conhecidos.

Life is Strange: Before the Storm manteve a abordagem musical da série original, mas com um toque especial. A banda de neofolk Daughter criou um álbum inteiro para o jogo, misturando faixas existentes e novas composições. O processo criativo foi rápido e intenso, resultando em um álbum que funciona bem tanto no contexto do jogo quanto independentemente.

Para Quake, a id Software convidou Trent Reznor do Nine Inch Nails para criar a trilha sonora. Reznor, fã dos jogos do estúdio, aceitou trabalhar gratuitamente. Ele se afastou do som característico do NIN, focando em criar uma atmosfera sombria e assustadora através de ambient e texturas sonoras mecânicas. Esta foi sua primeira experiência nesse gênero, e o resultado foi aclamado pela crítica.

Mason Lindroth, um artista online com formação em artes, criou Hylics, um jogo surreal com visual excêntrico e diálogos gerados proceduralmente. A trilha sonora, composta pelo próprio Lindroth, é tão peculiar quanto o jogo, misturando rock psicodélico e post-rock com sons difíceis de classificar.

Em The Legend of Zelda: Ocarina of Time, a música é central para o jogo. O compositor Koji Kondo enfrentou o desafio de criar 12 melodias distintas e memoráveis usando apenas cinco notas, devido às limitações do controle do Nintendo 64. Essas restrições acabaram resultando em uma das trilhas sonoras mais aclamadas da indústria, mesmo quase 30 anos depois.