Twisted Metal: A Redefinição Pós-Apocalíptica de uma Adaptação, Agora Mais Insana que Nunca

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Ah, as adaptações de videogames… um campo minado de expectativas frustradas e promessas quebradas. Como classificar uma série que se baseia em um jogo de corrida brutal, mas mal mostra um carro em movimento em seus primeiros momentos? No caso de Twisted Metal, a resposta é surpreendentemente simples: um excelente espetáculo de entretenimento. O primeiro ano já havia plantado essa semente de estranheza e genialidade, mas a segunda temporada, mesmo em seus episódios iniciais, prova que a fórmula, por mais inusitada que seja, está mais afinada do que nunca.

A nova leva de episódios nos joga de volta ao caos pós-apocalíptico algum tempo depois dos eventos da temporada inaugural. Nosso entregador de pizza favorito, John Doe, agora vive em uma “utópica” São Francisco. Ele trabalha, joga seus “jogos de corrida” no computador (ironia, talvez?) e, aparentemente, vive a vida dos sonhos. Apenas um detalhe mínimo: essa “vida dos sonhos” não lhe serve para absolutamente nada. Seu verdadeiro desejo? Escapar para a liberdade e encontrar Quiet, sua parceira de peripécias.

A grande questão é que John não está ali por acaso. A líder de São Francisco, uma nova e ainda mais impiedosa Raven, o escolheu como seu campeão. Ele deve vencer as lendárias corridas de Twisted Metal para que o enigmático Calypso realize o desejo da vilã. E é por isso que John está tão dedicado aos “treinos” virtuais. Quem diria que a redenção de um mundo viria pelas mãos de um jogador de videogame?

Personagens: Crescimento no Caos e Novos Horizontes

Enquanto John se debate com sua “liberdade condicionada”, Quiet não perde tempo. Ela se juntou às “Bonecas”, uma gangue de amazonas pós-apocalípticas liderada por ninguém menos que a irmã de John. Elas travam uma guerra de guerrilha contra as cidades, pilhando caravanas e sabotando fábricas. E o nosso querido Sweet Tooth? Ah, ele continua em sua jornada psicopática, trucidando tudo em seu caminho ao lado de Stu, buscando o título de maníaco mais insano da Terra.

O que mais agrada é ver a evolução orgânica desses personagens. John agora busca um paraíso não só para si, mas para ele e Quiet, e longe das cidades muradas. Quiet, por sua vez, luta não mais por vingança, mas por justiça e por seus camaradas. E Sweet Tooth, bom, ele já cansou da fama local; agora quer o reconhecimento mundial. Essa progressão sutil e natural faz com que a série se sinta mais focada e coesa. Se o primeiro ano parecia uma colcha de retalhos (ainda que charmosa), o segundo, mesmo em seus poucos episódios iniciais, aponta para uma narrativa mais unificada, todos convergindo para um único objetivo: o torneio.

O Humor, a Violência e a Falta de Autoseriedade

Mas sejamos francos: ninguém assiste Twisted Metal apenas pela profundidade dos personagens. O grande trunfo da série é sua habilidade em não se levar a sério. Ela entende sua essência e entrega exatamente o que o público espera: uma montanha de humor e um oceano de violência. As piadas são construídas sobre a base de personagens completamente desequilibrados (muitos deles emprestados dos jogos) que são simplesmente deixados à vontade para fazer o que bem entenderem.

  • Sweet Tooth diverte com sua sede de sangue disfarçada de inocência, seu cuidado com Stu e sua sede de glória.
  • Ashley, das “Bonecas”, com sua maldade gratuita e sadismo.
  • Mr. Grimm, com sua seriedade soturna e misticismo.

E o mais impressionante é que, em meio a essa galeria de aberrações carismáticas, John Doe não se perde. Ele pode até parecer o único “normal” no início, mas suas gafes cômicas e suas peculiaridades (como ler “O Clube das Babás” ou pedir para coçarem suas costas) quebram a imagem de durão e o tornam ainda mais engraçado.

Novas Faces, Novas Dinâmicas

Com o relacionamento entre John e Quiet atingindo um certo nível de estabilidade, a série introduz novos elementos para agitar as coisas. Afinal, a maioria dos personagens antigos já virou patê. A primeira adição notável é Dollface (Crista), familiar aos fãs dos jogos e que, nesta versão, é a há muito tempo perdida irmã de John. Ela lidera uma gangue feminina que luta contra as cidades, embora a “aversão a homens” seja um pouco mitigada (sim, elas mataram seus ex-namorados, mas convenhamos, eles mereceram!). Apesar da amnésia de John, a química entre os irmãos se desenvolve de forma excelente, embora a dúvida sobre o parentesco real ainda paire no ar.

A segunda novidade é Mayhem. E ela é simplesmente espetacular. Uma “pirralha” clássica, fugindo de um passado difícil, afiada na língua, inexperiente, mas que se acha a dona do mundo. Uma solitária que anseia por calor humano. Um clichê? Talvez. Mas Sailor Bell Kurda entrega essa personagem com uma naturalidade tão cativante que é impossível não se afeiçoar. Se Dollface impulsiona o desenvolvimento de John, Mayhem faz o mesmo por Quiet, preenchendo o vazio deixado pela perda do irmão da última temporada.

Ação Incessante e Nostalgia Bem Dosada

Humor, personagens cativantes, um enredo convergindo para o torneio… o que mais uma comédia de ação precisa? Ah, sim: ação! E aqui, temos em abundância. Se a tela não está exibindo alguém levando uma surra, é porque acabou de levar ou está prestes a levar. Quer ver um bebê gigante com um chicote feito de cordão umbilical? Pode apostar. Guerras rodoviárias no estilo Mad Max? É a espinha dorsal da série. Corridas com explosões? Sim. Brigas com homens das cavernas? Também tem!

Admito que a coreografia das lutas mano a mano está longe da perfeição, por vezes nem alcançando o nível de “aceitável”. Felizmente, a maior parte da ação acontece sobre quatro rodas. Os efeitos práticos são convincentes, enquanto os computação gráfica (CGI) por vezes parecem um tanto… baratos. No entanto, esses pequenos deslizes são facilmente ofuscados pelo ritmo frenético e pelos outros elementos que compensam qualquer falha individual.

E não podemos esquecer da nostalgia. A série, em si, é um produto dessa tendência de reviver o final dos anos 90 e início dos 2000. Mesmo que o torneio principal ainda não tenha sido completamente revelado, os criadores acenam constantemente para os fãs do material original. Vemos o caminhão Darkside, Axel e Mr. Grimm. E mesmo que esses nomes não signifiquem nada para você, trilhas sonoras de Gorillaz ou Sean Paul certamente te transportarão vinte anos no passado.

Veredito: Para Quem É Twisted Metal?

Definitivamente, não assista Twisted Metal se você espera uma adaptação ultraprecisa dos jogos (nesse caso, talvez Corrida Mortal seja mais o seu estilo). Também não é para quem está cansado de violência explícita, humor vulgar e obscenidades. Na verdade, qualquer um que valorize apenas a alta espiritualidade e a intelectualidade, e para quem a palavra “trash” significa apenas “ruim”, deve passar longe.

Para todos os outros, o convite está feito. É um show divertido, recheado de ação, que não se leva a sério e oferece um entretenimento descomplicado de trinta minutos por vez. Personagens coloridos, humor absurdo e sangue jorrando como fonte – tudo como a gente gosta. Uma viagem insana que vale a pena embarcar.

Gabriel Neves dos Santos

Gabriel Neves dos Santos, 34 anos, é um repórter veterano da cena de eSports em Curitiba. Com background em programação, ele traz uma perspectiva única para suas análises sobre Dota 2 e Valorant. Conhecido por suas investigações aprofundadas sobre contratos e transferências de jogadores profissionais, ele se destaca por revelar histórias exclusivas do cenário.

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