Em um movimento que desafia a lógica aparente do mercado, a Warner Bros. Games, apesar de um histórico recente de desafios e encerramentos no setor de “jogos como serviço”, parece não se abater. Uma nova vaga de emprego na Warner Bros. Games Montreal sugere uma aposta contínua e, para alguns, surpreendente, nesse modelo de negócios.
A Aposta Continua: Nova Vaga, Velha Estratégia
Recentemente, a Warner Bros. Games Montreal abriu uma posição para Produtor Executivo, e os requisitos para o cargo são cristalinos: a função exige supervisão de “conteúdo pós-lançamento e estratégia de serviço ao vivo”, além de um “profundo entendimento de todo o ciclo de vida do desenvolvimento de jogos, incluindo serviços ao vivo”. Há menções explícitas à supervisão de “processos de operação ao vivo”, o que não deixa dúvidas sobre o tipo de projeto em questão. Parece que, independentemente dos tropeços passados, a empresa ainda vê um futuro — e talvez um cofre — nos jogos com vida útil estendida.
Os Fantasmas do Passado Recente: Um Balanço Nada Otimista
Para quem acompanha a indústria, essa persistência pode levantar algumas sobrancelhas. Afinal, o ano passado foi particularmente agridoce, ou melhor, apenas azedo, para a Warner Bros. no que tange a esse modelo.
- Suicide Squad: Kill The Justice League: Lançado com grande alarde, o jogo rapidamente se tornou um notório fracasso financeiro. As manchetes não hesitaram em reportar que o desempenho pífio resultou em demissões na aclamada Rocksteady, estúdio por trás da franquia Batman: Arkham. Uma queda digna de um vilão do Coringa.
- MultiVersus: Outro título “como serviço” que teve um destino peculiar. Após um período de sucesso inicial, o jogo de luta que reunia personagens icônicos da Warner Bros. foi misteriosamente removido das lojas digitais. Hoje, apenas quem já o tinha instalado pode jogá-lo. Uma estratégia que, no mínimo, confunde.
- O Cancelamento de Wonder Woman: Embora não seja diretamente um “jogo como serviço”, o cancelamento do aguardado título da Mulher Maravilha, que estava em desenvolvimento na Monolith Studios (responsável por Middle-earth: Shadow of Mordor), levou ao fechamento do estúdio. Um golpe duro que ecoa no cenário da WB.
A Fascinante, e Cara, Atração dos Jogos Como Serviço
Diante de um quadro tão desanimador, por que a Warner Bros. insiste? A resposta reside na sedução inerente ao modelo de “jogos como serviço”. O conceito, quando bem executado, promete uma fonte de receita contínua e um engajamento de jogadores a longo prazo, transformando um produto de compra única em uma plataforma de entretenimento perpétuo. Pense em sucessos como Fortnite, Genshin Impact ou FIFA Ultimate Team: eles são máquinas de fazer dinheiro.
No entanto, o mercado está saturado e a barra de qualidade para reter jogadores é altíssima. Muitos estúdios e editoras se jogam de cabeça nesse modelo, atraídos pelo potencial de lucro, apenas para descobrir que o custo de manutenção, atualização e, crucialmente, de manter a comunidade engajada, é exorbitantemente alto. A competição é feroz e a paciência dos jogadores, escassa.
E o Que Vem Por Aí?
Embora haja rumores de que a WB Games Montreal estaria trabalhando em um projeto de Game of Thrones – o que, por si só, já seria um desafio dado o peso da IP –, a menção explícita a “serviços ao vivo” na vaga de Produtor Executivo sugere que, se esse ou outro projeto vier a público, ele virá com uma vida pós-lançamento planejada, talvez com temporadas, passes de batalha ou outras monetizações contínuas.
A questão que paira é: será que a Warner Bros. Games aprendeu com seus erros recentes, ou está simplesmente dobrando a aposta em uma mesa onde as fichas já se mostraram teimosas em virar a seu favor? Apenas o tempo, e talvez alguns novos anúncios de vagas, dirão. Por enquanto, os jogadores permanecem cautelosamente céticos, observando se a próxima aposta da gigante do entretenimento será um golpe de mestre ou mais um capítulo na saga dos jogos que não vingaram.